Divagações: Nine

Fui com medo ao cinema ver Nine . O filme, desde seu anúncio, passando pela seleção do elenco até as primeiras imagens prometia muito. Prome...

Fui com medo ao cinema ver Nine. O filme, desde seu anúncio, passando pela seleção do elenco até as primeiras imagens prometia muito. Prometia demais. Mas ele, simplesmente, não apareceu nas grandes premiações. Foi sufocado por Avatar, não levou nada no Globo de Ouro e, das quatro indicação ao Oscar, apenas a de Penélope Cruz como atriz coadjuvante pode ser considerada como “categoria importante” (as outras são Direção de Arte, Figurino e Canção).

Mas reuni minha coragem e fui ao cinema. No fundo, meu medo era infundado. O filme conta a velha história já conhecida de Guido, o cineasta atormentado (e alter ego) de Fellini em . Daniel Day-Lewis está fantástico no papel, assim como todo o grandioso elenco feminino. Até Nicole Kidman, que andava interpretando no automático, está ótima. Isso sem contar Kate Hudson que conseguiu a única música realmente legal do filme para si.

O único problema desse excesso de gente legal trabalhando em um filme é que ninguém ganha destaque, dando a impressão de uma coleção de participações especiais de luxo. Chega a ser injusto indicar Penélope Cruz – ou indica todo mundo ou não indica ninguém!

Aliás, a atriz representa uma das minhas maiores incredulidades cinematográficas. Ela é feia, é caracterizada como “acabada” em grande parte de seus filmes (em Nine, seu cabelo é de chorar) e é sempre mencionada como linda e maravilhosa. Não duvido de seu talento, mas simplesmente não compreendo como alguém consegue ver Penélope dançar do jeito que ela dança (e com aquela calcinha estranha) e achar sensual. Para mim, não faz sentido algum!

Voltando ao filme. Embora seja ótima a estrutura de mostrar os sentimentos dos personagens através das músicas e sem atrapalhar a ação, há algo incômodo com as canções de Nine. Grande parte delas não passa de falas cantadas. Até mesmo a música da Fergie (que estava no filme só para soltar a voz, já que não sabe atuar) não chega a cativar – embora grude um pouco.

Assim, Nine é um bom filme. Só não é melhor porque existiu 8½ antes dele e o original é algo a ser idolatrado. E, claro, americanos não sabem adorar o cinema italiano com tanto amor quanto os próprios italianos.

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