Divagações: District 9

Uma das maiores surpresas de 2009 – talvez a maior –, District 9 ainda é um filme diferente. Mesmo depois de alguns meses de seu lançamento...

Uma das maiores surpresas de 2009 – talvez a maior –, District 9 ainda é um filme diferente. Mesmo depois de alguns meses de seu lançamento, é estranho pensar que um filme dirigido por um estreante (Neill Blomkamp) e estrelado por um estreante (Sharlto Copley) tenha chegado tão longe. Só o apadrinhamento de Peter Jackson não poderia ser tão poderoso...

O filme tem ação e o protagonista é retratado como um sujeito levemente tapado desde o princípio. Também tem alienígenas feiosos e os humanos não somente comentam o fato sem demonstrar pavor como os chamam abertamente de prawns (o que não significa exatamente camarão, mas é quase isso). A nave dos bichanos (que se alimentam de comida de gato) parece a vista em Independence Day, mas escolheu a África do Sul ao invés dos Estados Unidos e resolveu ficar por lá. Além disso, a população de extraterrestres é violenta, mas não muito esperta, sem contar que são analfabetos tecnológicos e não sabem consertar a própria nave – com uma exceção, claro.

A história, resumidamente, se desenrola quando um funcionário de uma empresa de armamentos, que também administra o Distrito 9 (a “favela dos camarões”), vai participar de uma operação in loco e acaba contaminado com DNA alienígena. Desacreditado pelos médicos, ele foge para o acampamento dos ETs, onde encontra o único membro que sabe arrumar a nave e – melhor ainda – curá-lo da mutação em andamento. Só que para conseguir isso, eles terão que enfrentar a poderosa organização (e mais algumas coisinhas).

A princípio, essa sinopse até poderia representar mais um blockbuster “de menino”, algo que Michael Bay poderia fazer, talvez com Shia LaBeouf no papel principal. Mas o filme simplesmente não é assim. A correria não é apenas para colocar mais adrenalina na ação, os diálogos não são feitos para que todos – dos oito aos 80 anos – possam entender e gostar, enfim, a ideia não é apresentar a trama em meia hora e correr desesperadamente contra o tempo durante outras duas horas.

A estética de documentário do início – embora a ideia seja um pouco manjada – é bem executada, assim como a transição gradual para a história propriamente dita e suas leves retomadas. Ou seja, District 9 é entretenimento, sim, mas é bom entretenimento. Não dá dor de cabeça de tanto pensar, mas não deixa o espectador relaxado o suficiente a ponto de dormir na poltrona. É um filme com qualidade técnica superior a de muitos veteranos da indústria. É uma boa história contada da maneira certa.

E que venham outros afilhados de Peter Jackson!

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