Divagações: Boksuneun naui geot

O nome desse filme, impronunciável para a maioria das pessoas, é coreano e nem o Google consegue traduzir. Em inglês, o título recebido foi...


O nome desse filme, impronunciável para a maioria das pessoas, é coreano e nem o Google consegue traduzir. Em inglês, o título recebido foi “Sympathy for Mr. Vengeance”, já em português a questão ficou resolvida com “Mr. Vingança”.

A quem o título se refere? É uma pergunta que eu cheguei a fazer a mim mesma no decorrer do filme, pois é difícil suspeitar que o pacífico protagonista vá armar uma grande vingança – mesmo sofrendo muito.

Ha-kyun Shin interpreta Ryu, um jovem surdo que trabalha como mão de obra barata em uma grande empresa de Seul. Financiado pela irmã, ele estudava artes, mas acabou tendo que abandonar a carreira para cuidar da saúde dela que precisa com urgência de um transplante de rins. Ryu vende seu próprio rim para comprar outro para a irmã, mas quando o doador aparece, ele não tem o dinheiro necessário para a cirurgia. Em desespero, ele aceita a ajuda da namorada Cha Yeong-mi (Doona Bae) que sugere o sequestro de uma criança.

O filme é o primeiro de uma trilogia do cineasta Chan-wook Park, os seguintes são Oldboy e Chinjeolhan geumjassi. Embora as histórias não estejam intimamente relacionadas, todas possuem uma temática em comum, a vingança, e, por vezes, fazem referências umas as outras.

Boksuneun naui geot, por ser o primeiro filme dos três, é o mais imaturo. O protagonista surdo e mudo faz com que a obra seja silenciosa demais para os padrões ocidentais, podendo dar sonolência para quem espera por mais barulho e ação. Mesmo assim, não se trata de um filme contemplativo e cheio de belas paisagens. A Seul de Ryu é feia, suja e pobre e seu cotidiano não tem nada de tecnológico. As pancadas da vida são muito fortes para ele que, mesmo assim, resiste.

Aliás, nem mesmo a Coreia rica é feliz. Mesmo a menina sequestrada e seu pai – ex-patrão de Ryu – têm um histórico de sofrimento provocado por uma realidade econômica injusta. Ryu manteve sua família unida o quanto pôde. Park Dong-jin (Kang-ho Song), o pai da menina, manteve seu dinheiro, até mudar de ideia e mudar o curso da história do filme.

Em toda a trilogia, talvez essa seja a história mais comovente e mais integrada com a realidade sul-coreana. Talvez por isso mesmo, infelizmente, seja o filme que tem menos interesse ao público brasileiro.

RELACIONADOS

0 recados