Divagações: Shutter Island

Existe um gênero cinematográfico que é o favorito de muitos, mas, por alguma razão, é pouco assistido. É um gênero difícil de fazer, pois ca...

Existe um gênero cinematográfico que é o favorito de muitos, mas, por alguma razão, é pouco assistido. É um gênero difícil de fazer, pois cai facilmente em suas próprias armadilhas. Esse parágrafo, inclusive, se continuar dessa maneira, dará um exemplo – não muito bom – daquilo que pretende descrever. E para quebrar o suspense... Bom, agora já era.

Ou seja, muitos tentam. Poucos conseguem. Alguns são mestres e esses serão lembrados eternamente. Com Shutter Island, Martin Scorsese faz uma bela tentativa: e acerta em cheio. Mesmo que a música pareça um pouco forçada é difícil pensar no que poderia ser mais adequado. O cinema ainda precisa descobrir um compositor que reinvente a trilha sonora de suspense.

Apesar dessa questão, o filme consegue provocar o espectador e criar tensão. A cada novo ângulo (da câmera ou da história) é possível se surpreender. Todo cuidado é pouco para não ser pego desprevenido. E não importa se você está torcendo contra ou a favor do protagonista.

Leonardo DiCaprio, a propósito, é Teddy Daniels, um investigador da polícia federal norte-americana enviado a um presídio para solucionar o desaparecimento de uma presa. O local, como não podia deixar de ser, é uma ilha com muitos penhascos, um clima pavoroso e uma única saída possível: a balsa controlada pelos guardas.

Além disso, o presídio também tem seu diferencial, pois abriga somente criminosos perigosos com problemas mentais. O médico responsável é o Dr. Cawley (Ben Kingsley), careca e muito suspeito, que alega tratar os confinados como pacientes, com conversas e compreensão – mesmo que o personagem de DiCaprio pense um pouco diferente sobre o assunto.

O desenrolar da trama continua com a impossibilidade de sair da ilha, o sumiço da presa, traumas do passado de Teddy (que serviu na 2ª Guerra Mundial) e o dilema da credibilidade daquele que é declarado louco. A dúvida deixada ao final é tão profunda que chega a ser difícil não sair do cinema sem discutir a questão.

Sim, sobram questões ao final da sessão. Shutter Island não foi feito para esclarecer, mas para confundir. Afinal, suspense serve pra quê?

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