Divagações: The Devil Wears Prada

Às vezes eu me surpreendo quando percebo que alguns filmes com cara de recentes foram feitos há dez anos ou até mais. Tudo parece no lugar c...

Às vezes eu me surpreendo quando percebo que alguns filmes com cara de recentes foram feitos há dez anos ou até mais. Tudo parece no lugar certo, trilha sonora, roupas e até cabelos. Até que aparece alguém que você viu ontem na televisão só que antes dos cabelos ficarem grisalhos, ou algo nesse nível.

Esse não é o caso de The Devil Wears Prada. Os cabelos ainda são aqueles que vemos nas ruas. As roupas – mesmo fazendo parte da “última moda” de cinco anos atrás – continuam bem aceitáveis como símbolo fashionista dos personagens. O problema é a trilha sonora muito datada e o uso extensivo de refrões e canções que já tocaram bastante nas rádios. Muitas dessas músicas ainda são legais, mas já conseguem deixar o filme com cara de “tem alguma coisa errada aqui”. O filme ainda não está velho, mas está sobre um limiar que, quando ultrapassado, leva diretamente para as festinhas de gente saudosista.

Mas não tem problema ter a cara de sua época e nunca foi o objetivo do filme ser eternamente atual – se fosse, ele não trataria de moda.

A história já é bastante conhecida. A jovem Andrea Sachs (Anne Hathaway) busca um emprego de jornalista em Nova York e acaba caindo nas garras da editora-chefe da Vo... digo, da revista fictícia Runaway, Miranda Priestly (Meryl Streep). A assistente passa por muitas tarefas absurdas e humilhações em um emprego que não gosta, além de mudar seu estilo de roupas em nome de uma oportunidade que ela nem sabe bem qual seria.

Não é um primor de originalidade, mas é divertido. O filme estabilizou de vez a carreira de Anne, que foi descoberta em The Princess Diaries, mas ainda não havia decolado (ela é fofa e tudo o mais, mas pense bem: o que ela fez de relevante? Você vai ver que é bem pouca coisa). Mas o mais notável foi a redescoberta de Meryl Streep como uma atriz capaz de atrair um público jovem.

Meryl foi indicada ao Oscar por sua atuação como a chefe malvada que nunca levanta a voz. Ela é suave, elegante, tem movimentos delicados e uma capacidade incrível de fazer comentários ácidos. Miranda Priestly é, de longe, a personagem mais interessante do filme. Bem construída, ela é a imagem mental que muitas pessoas têm de seus chefes exigentes. É uma personagem que não envelhece.

Ou seja, talvez seja a minha hora de frequentar festas que tocam as músicas da minha juventude porque eu simplesmente adoro The Devil Wears Prada! Ah, sim. Eu ainda quero aquela bolsa, mesmo ela sendo da coleção de 2005/2006.

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