Divagações: Blindness

Quem quer assistir a Blindness tem um problema sério: falta de companhia. Bom, pelo menos para mim isso é um problema. Ouvi todo o tipo de ...

Quem quer assistir a Blindness tem um problema sério: falta de companhia. Bom, pelo menos para mim isso é um problema. Ouvi todo o tipo de desculpa. Que o filme deve ser muito triste, muito claro, que foi dirigido por brasileiro, que o livro não tem vírgulas etc.. Acabei vendo sozinha e depois ouvindo: “Ah, mas eu queria tanto ver esse filme”. Pois é.

No final das contas, as pessoas não tinham porque ter todo esse medo do filme. Vamos às desculpas!

É triste? Nem tanto. Ele tem uma temática pesada e algumas cenas fortes, mas nada que vá impedir um maior de 18 anos de dormir depois. Suponho que alguém que se identifique com algum dos personagens seja mais afetado, mas não deve ser algo comum.

É muito claro? É. Mas não sei qual é o problema com isso, afinal, é uma opção estética realmente válida e plausível para a história. Não adianta dizer que tem fotofobia porque a intensidade de luz que sai da TV não deve ter uma variação tão grande.

Foi dirigido por brasileiro? Sim! E quem usa isso como desculpa para não ver o filme, também não pode torcer pela seleção nem ver novela nem sambar nem nada dito “nacional”. Fernando Meirelles é um cara com talento e devemos ter orgulho dele! Se fosse outro, talvez eu nem dissesse nada, mas ele é bom e merece respeito!

O livro não tem vírgulas? Olha, vou confessar que não li, embora tenha vontade (alguém empresta?). Pelo que eu sei, essas danadinhas gramaticais são mesmo raras na obra de José Saramago. Só não sei até que ponto isso afeta o filme (se é que afeta). Para tirar preconceitos bobos, os personagens falam como pessoas normais, parando para respirar nos momentos devidos como todo ser humano. E, na verdade, o filme tem momentos bem silenciosos.

Bom, essas foram as desculpas que eu lembrei. Imagino que haja motivos válidos para uma pessoa decidir não ver um filme, mas eu realmente não considero os pretextos acima como razões reais.

Blindness conta a história de um grupo de pessoas em um local atingido por uma epidemia de cegueira branca. A doença começa inexplicavelmente, é extremamente contagiosa e basta ficar próximo a alguém doente para ser contaminado. Assim, em pouco tempo, o número de cegos se multiplica em uma proporção incrível. Na tentativa de controlar a situação, o governo decide isolar essas pessoas, mas, ao invés de serem estudadas, elas são tratadas como animais perigosos. Em pouco tempo, há uma superlotação no abrigo e a natureza humana mostra muita crueldade para com seus semelhantes. A única esperança está na mulher de um oftalmologista (casal interpretado por uma Julianne Moore sem medo de mostrar a idade e por Mark Ruffalo). Ela foi isolada juntamente com o marido, mas não desenvolveu a cegueira.

O que importa não é desvendar o mistério dessa cegueira branca (o que explica a “claridade” do filme). Trata-se de um belo estudo do comportamento humano, que inclui o que ele tem de bonito e de feio.

Então, recomendo esse filme para todos que tiverem a oportunidade de assistir. Só tenha medo de você mesmo.

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