Divagações: Napoleon Dynamite

Até agora, a única participação de Napoleon Dynamite no blog foi através de uma lista de personagens que são, ao mesmo tempo, oprimidos e i...

Até agora, a única participação de Napoleon Dynamite no blog foi através de uma lista de personagens que são, ao mesmo tempo, oprimidos e inspiradores. Naquele texto, a inspiração em questão não ficava muito clara. No filme, também não.

Isso, no entanto, não é um problema, mas uma vantagem. Embora seja protagonizado pelo menino com cara de nerd, o filme não se entrega aos clichês do gênero. Até porque Napoleon Dynamite (sim, esse é o nome do personagem) não é um nerd. Está bem longe disso, por sinal. Morando com uma avó bizarra (Sandy Martin), um irmão que passa o dia namorando pela internet (Aaron Ruell) e um tio que quer ganhar dinheiro fácil (Jon Gries), ele não passa de um adolescente revoltadinho que cresceu demais. Vivendo uma vida patética, em uma cidade patética e rodeado de gente patética, ele é exatamente isso – e sua maior preocupação é se enquadrar melhor.

A história não tem muitos segredos. Napoleon (Jon Heder, sempre irritantemente de boca aberta e olhos fechados) está na High School. Ele está descobrindo a amizade através de Deb (Tina Majorino), uma menina que faz de tudo para chamar a sua atenção, e Pedro (Efren Ramirez), um estudante novo – o primeiro mexicano, o dono de uma bicicleta legal e o único aluno com bigode da escola. No entanto, tudo o que ele quer é levar Trisha (Emily Dunn) para o baile. Em meio a isso, Pedro resolve se candidatar a presidente estudantil – e Napoleon dá uma ajuda na campanha.

Na verdade, a trama não interessa muito, pois se trata apenas do cotidiano de adolescentes de cidade pequena. O que importa é como Napoleon reage às coisas. A graça do filme não está no baile, mas em convidar as garotas e escolher o terno. Também não está na eleição para a presidência estudantil, mas em como funciona o absurdo processo de campanha, onde a popularidade do candidato e uma apresentação artística são mais importantes que as propostas apresentadas.

Assim, é possível pensar que é exatamente o filme esperado quando uma empresa como MTV Films está envolvida. Colorido, adolescente, irritante (fecha a boca e abre os olhos, menino!), com piadas fáceis e até um pouco cruéis, mas com uma tentativa de demonstrar uma consciência crítica desenvolvida. Não estou dizendo que todos os filmes da MTV Films são assim, pois isso seria uma grande mentira. Apenas quero dizer que esse é um bom exemplo da filosofia da empresa (ou de seu público-alvo, o que é quase a mesma coisa).

No todo, não é um bom filme. Pelo menos para mim, que valorizo uma boa história bem contada. Ainda assim, é divertido acompanhar o comportamento de uma pessoa tão bizarra, cercada de indivíduos igualmente destrambelhados em situações que poderiam ser consideradas normais (bailes, eleições estudantis, venda de porta em porta, cuidados com animais domésticos, fotos para crachá etc.), mas que – na realidade – também são coisas bem estranhas.

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