Divagações: Eat Pray Love

Faz tempo que Julia Roberts não atua em um grande filme. Ela fez uma participação minúscula e milionária em Valentine's Day , que estre...

Faz tempo que Julia Roberts não atua em um grande filme. Ela fez uma participação minúscula e milionária em Valentine's Day, que estreou no início do ano, esteve em Duplicity em 2009 e em bem pouca coisa nos últimos cinco anos. Eat Pray Love vinha sendo tratado como seu grande retorno ao gênero que a consagrou. Embora eu acredite que o filme seja melhor classificado como “romance de auto conhecimento”, algo um tanto quanto diferente de uma comédia romântica.

Detalhes a parte, havia muita expectativa sobre Eat Pray Love devido às vendagens excelentes que o livro obteve. Com Julia Roberts no elenco isso só aumentou – o que foi bastante prejudicial para o filme. Afinal, a história é fraca e previsível, não permitindo grandes emoções ou surpresas.

Não me entendam mal. Não é que o filme seja a pior coisa que já vi ou algo assim. Ele mostra paisagens muito bonitas e procura dar bons ensinamentos. Está tudo bem se você só quer relaxar no final de semana comendo um balde de pipoca. No entanto, se você procura se emocionar, esse não é o filme mais indicado.

Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma escritora em crise com sua vida pessoal. Tudo está indo bem no trabalho, mas ela está em dúvidas sobre seu casamento. Quando decide pelo divórcio, as coisas começam a dar errado. Suas tentativas de namoro também não dão certo e ela, basicamente, está desiludida com a vida que leva. Em busca de alguma outra coisa que não sabe bem o que é, programa uma viagem para três lugares que quer muito visitar: Itália, Índia e Bali. Ou seja, ela vai comer, rezar e amar. Exatamente nessa ordem.

Como isso é estabelecido desde o princípio, o filme se torna extremamente previsível e óbvio. Quando um trecho da viagem começa a ficar muito longo, o espectador já imagina o que ela irá encontrar no próximo – ou como será o amor que ela vai encontrar em Bali. Felipe (Javier Bardem), a propósito, é a melhor coisa do filme e até convence como um brasileiro. Até dá para notar, mas nada igual ao que sua esposa, Penélope Cruz, fez em Woman on Top.

Minhas cismas a parte, Bardem entregou um personagem cheio de energia e realmente apaixonante. Merecia coisa melhor que a Liz Gilbert de Julia, uma personagem sem muita definição que alterna momentos de segurança e insegurança, sem muito objetivo na vida e que não sabe o que quer. Ela não tem segredos, fortes sentimentos de culpa ou qualquer razão para procurar tão desesperadamente por uma razão para si mesma. Inclusive, tem mais dificuldade para esquecer um namoradinho (James Franco, muito bem) que o marido de tantos anos.

Assim, o filme começa razoavelmente bem e termina simplesmente legal – o problema é o que tem entre esses dois trechos. Por mim, a única viagem realmente interessante foi para a Itália, onde Liz fez amigos interessantes e conversou sobre coisas mais palpáveis que encontrar Deus ou descobrir a si mesma. Se ela tivesse encontrado seu amor por lá, o filme seria bem melhor – e mais curto.

***

Observação pessoal de utilidade pública que não interessa a ninguém: Salvem seus arquivos e prestem atenção antes de fechar um programa. É muito chato ter que escrever a mesma coisa duas vezes!

RELACIONADOS

0 recados