Divagações: Sama Wozu

Quando você gosta de companhia para ver filmes, de vez em quando é necessário abrir mão daquilo que você quer ver para abrir um pouco de esp...

Quando você gosta de companhia para ver filmes, de vez em quando é necessário abrir mão daquilo que você quer ver para abrir um pouco de espaço para a outra pessoa (é difícil, eu sei). No meu caso, o filme que apareceu foi uma boa surpresa chamada Sama Wozu. Tudo bem que eu já vi esse filme há algum tempo, mas só percebi que precisava divagar um pouco sobre ele quando vi que estava na lista das quinze animações classificadas para concorrer ao Oscar.

Sama Wozu conta a história de Kenji Koiso (Ryûnosuke Kamiki). Ele é um estudante sem grana com poucas habilidades sociais, mas muito bom em matemática e entusiasta de um jogo chamado Oz. Um dia ele é surpreendido com uma oferta de emprego temporário dada por uma menina muito bonita chamada Natsuki Shinohara (Nanami Sakuraba). Eles então viajam juntos para a cidade dela onde Kenji, para sua própria surpresa, é apresentado como namorado de Natsuki durante os preparativos para a festa de 90 anos da avó da menina, Sakae Jinnouchi (Sumiko Fuji). Isso já seria uma encrenca se o rapaz não recebesse um e-mail com um complicado cálculo matemático que ele resolve durante a noite, sem saber que com isso estaria possibilitando a invasão de seu jogo favorito por um sistema chamado Love Machine. Em pouco tempo, os moderadores do jogo perdem seu controle, contas começam a ser roubadas e Kenji se torna procurado pela polícia! O detalhe é que as consequências não param por aí.

Assim, aquilo que começou como uma simples comédia romântica se envereda para os lados da ficção científica e até da ação. O conjunto de reviravoltas é realmente impressionante (até que começa a cansar, mas nesse ponto o filme já está quase acabando), pois não é comum ver a complexidade de um filme crescer dessa forma, ainda mais uma animação. Claro que muitas coisas são estranhas para o público ocidental – ou para aqueles que não são grandes apreciadores de jogos –, mas vale a pena dar uma chance e experimentar ver algo novo.

Um aspecto interessante do filme é essa identidade japonesa que mistura uma quantidade absurda de tecnologia (e a dependência dela para as atividades cotidianas) com o apreço e o respeito pelos valores e pelas comemorações tradicionais. Isso é mostrado de uma forma discreta, sem ênfase no contraste, com esses elementos fazem parte de um todo. São várias características coexistindo e, no caso do filme, sendo capazes de realizar um auxílio mútuo.

Não que o filme esteja muito preocupado com questões poéticas, de qualquer forma. O diretor Mamoru Hosoda deixa essas questões de lado para guiar o expectador por uma história divertida, com personagens que trazem diversos clichês do gênero, mas ainda assim conseguem trazer alguma novidade para o público. Aos poucos, o atrapalhado Kenji cede lugar para a mais interessante Natsuki e o grupo de familiares vai se abrindo e mostrando as divergências internas. Os momentos de tensão se tornam o tradicional espaço para o crescimento da autoestima, enquanto as passagens dramáticas possibilitam o aprofundamento da natureza dos personagens.

Talvez Sama Wozu não tenha uma probabilidade grande de ganhar o Oscar ou até mesmo de ser indicado. Mesmo assim, o filme traz aspectos técnicos que demarcam seu espaço como uma boa obra, uma animação bastante eficiente e uma história perfeita para uma tarde de verão.

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2 recados

  1. Não precisa ter medo de usar o nome Summer Wars... Sama Wozu é uma romanização, mas obviamente eles queriam dizer summer wars... Então troque, se não fica muito feio... e tem um errinho ai

    Ele é um estudante sem (grama) com poucas habilidades sociais

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  2. O erro de digitação foi arrumado! ;)

    O nome do filme será mantido por uma questão de padronização. O Cinema de Novo sempre opta pelo título oficial, de acordo com o IMDb.

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