Divagações: Scott Pilgrim vs. The World

Não entendo a carreira de Michael Cera . Ele não é especialmente bonito e é um pouco estranho para fazer o papel de um cara absolutamente co...

Não entendo a carreira de Michael Cera. Ele não é especialmente bonito e é um pouco estranho para fazer o papel de um cara absolutamente comum. Acho que ele tem uma voz meio estridente, também. Em Juno até existe uma boa justificativa para a protagonista se apaixonar por ele: aquele short amarelo era realmente hipnotizante. Mal se olhava para o próprio Michael Cera. Outra coisa que não entendo é a escalação dele para Scott Pilgrim vs. The World, mas tudo bem – ele fez um bom trabalho.

O filme, que deveria ser uma das grandes revelações de 2010, acabou deixando um gosto amargo para os produtores. A arrecadação ficou muito abaixo do esperado, mesmo com a boa recepção da crítica. Li em algum lugar, na época do lançamento decepcionante nos Estados Unidos, que essa era a prova de que o mundo não é a San Diego Comic-Con. Isso é verdade, pois, embora aponte muitas tendências, o festival é um evento de nicho. Enfim, o público estadunidense não se identificou e o filme ficou a ver navios. Sinceramente, espero que o filme acabe encontrando seu espaço e não dê prejuízo, pelo menos.

Scott Pilgrim vs. The World brinca com a estética de um vídeo game, sendo que a própria história parece ser uma aventura de jogo. É tudo muito divertido, desde o cabelo da menina até os ensaios da banda, isso sem contar as lutas. As cores são fortes, a linguagem é simples, os cenários são estilizados, os personagens são caricatos e algumas situações são simplesmente absurdas. Exatamente como em um vídeo game.

Resumidamente, o filme acompanha Scott Pilgrim (Michael Cera), um menino que acaba de arrumar uma namorada mais nova (Ellen Wong) depois de um bom período curtindo uma fossa após ter sido abandonada pela ex-namorada (que se tornou uma roqueira famosa), Envy Adams (Brie Larson). O novo relacionamento, no entanto, não parece ter muito futuro depois que Pilgrim se apaixona a primeira vista pela recém-chegada no pedaço Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead). O detalhe é que a menina possui sete ex-namorados furiosos e dispostos a desafiar Pilgrim em lutas de vida ou morte. Vencer cada batalha é como passar para a próxima fase, mas com o agravante de que é preciso criar e manter um relacionamento ao mesmo tempo.

Apesar das constantes referências nerds e piadas que talvez nem todo mundo entende, o filme ainda possibilita um público bem amplo – ignorando a recomendação etária dos Estados Unidos, eu diria que, de uma maneira geral, pessoas de 12 a 30 anos podem ver o filme e gostar bastante. Ele é divertido, bem produzido e ágil, além de ser uma adaptação que respeita o material original (não li os quadrinhos de Bryan Lee O'Malley, mas a recepção do filme entre os fãs foi boa). Não é, de maneira alguma, um filme “difícil”, afinal, é entretenimento adolescente.

Ou seja, eu não entendo porque as pessoas não foram ao cinema ver Scott Pilgrim vs. The World! A minha tendência é colocar a culpa no pessoal do marketing que não soube “vender” a produção, mas tenho que confessar que eles fizeram a parte deles (podem até ter cometido alguns erros, mas nada que comprometesse muito). Já ouvi algumas teorias a respeito, inclusive que o “americano médio” não consegue compreender o estilo de vida do protagonista. Mas, sinceramente, isso nem faz muita diferença no filme. Então eu coloco a culpa no azar e espero que o filme encontre seu espaço em DVD ou Blu-Ray (já disponíveis lá fora enquanto o filme mal fingiu que chegou aos cinemas nacionais). É provável que daqui há alguns anos se transforme em um cult e seja idolatrado, deixando esse período de incompreensão financeira para trás e, quem sabe, ganhando até uma continuação.

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