Divagações: Thor

Fazer filmes baseados em super-heróis de quadrinhos tornou-se um filão mais e mais lucrativo com o passar do tempo. Há nove anos, por exempl...

Fazer filmes baseados em super-heróis de quadrinhos tornou-se um filão mais e mais lucrativo com o passar do tempo. Há nove anos, por exemplo, estreava Spider-Man e seu grande sucesso foi uma agradável surpresa. Naquela época, quem iria imaginar que um filme como The Avengers seria planejado com tanto cuidado como o que está acontecendo agora? Personagens marcantes como Tony Stark/Iron Man (Robert Downey Jr.), Steve Rogers/Captain America (Chris Evans), Bruce Banner/The Incredible Hulk (Mark Ruffalo e Lou Ferrigno) e o próprio Thor estarão juntos em um único longa-metragem – todos unidos pelas mãos de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Previsto para quatro de maio de 2012, o filme promete.

Por enquanto, no entanto, o assunto é Thor. O filme contém o que talvez seja o protagonista mais diferenciado entre os que citei no parágrafo anterior. Longe de ser estadunidense, ele nem ao menos é do planeta Terra. Aliás, estar por esses lados do universo é somente um castigo. Thor (Chris Hemsworth) é filho de Odin (Anthony Hopkins) e irmão de Loki (Tom Hiddleston), contra quem disputa o trono apesar da grande amizade entre os dois. Em seu grande dia de glória – sua nomeação como rei –, no entanto, o lugar onde vive (Asgard) é atacado por inimigos históricos, os gigantes de gelo.

Desobedecendo a seu pai, Thor e seus amigos vão ao planeta inimigo e suas ações desencadeiam uma guerra. Irado, Odin separa Thor de seu clássico martelo e manda ambos para a Terra. Lá, o deus nórdico encontra uma cientista chamada Jane Foster (Natalie Portman) que pesquisa justamente os fenômenos físicos causados pela abertura da ponte que liga Asgard aos demais planetas. Longe de ser um herói, Thor quer apenas recuperar seus poderes e voltar para casa, mas é claro que ele vai encontrar alguns obstáculos pelo caminho.

Um filme com tantas referências mitológicas e aventuras interplanetárias recebeu também uma direção pouco usual. Ao invés dos nomes já conhecidos dos fãs de quadrinhos, quem assumiu a cadeira de comando foi Kenneth Branagh. Mais conhecido por seus trabalhos shakespearianos ou, pelo menos, tipicamente ingleses, o diretor conseguiu equilibrar a classe a elegância (duvidáveis) dos deuses nórdicos com aquilo que o público espera de um filme de super-herói usando justamente a junção desses dois mundos como fator de alívio cômico.

Mesmo com alguns absurdos no roteiro, já que ele não é exatamente fiel à mitologia, os deuses não são imortais e muita coisa é visivelmente resumida, o filme é bem amarrado e a edição favorece que a atenção do espectador esteja no lugar certo. Na verdade, ele aposta que quase ninguém conhece mitologia nórdica, o que não deixa de ser verdade (vá preparado para o fato de que o super-herói Thor não é o mesmo cara dos livros de História). Também é uma vantagem trazer um ator praticamente desconhecido para o papel-título. Chris Hemsworth é competente e consegue segurar o personagem sem muitos problemas, principalmente através do bom físico (prepare-se para os suspiros na sala de cinema).

Assim, esse é um filme para você se divertir e aproveitar o que existe de melhor em tecnologia. Em Thor há muita ação e efeitos especiais, sendo que esse é, definitivamente, um bom filme para se ver em 3D (mesmo que as sessões sejam mais tarde, recomendo o filme legendado). Fugindo um pouco da estrutura de “filme de origem”, o longa consegue também trazer um ar novo para os filmes baseados em heróis de quadrinhos. Uma experiência que eu espero que seja levada em consideração em The Avengers.

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