Divagações: Transformers - Dark of the Moon

Julho chegou e, com ele, começa também a sempre presente temporada de blockbusters de verão (a lógica é válida para o hemisfério norte). A ...

Julho chegou e, com ele, começa também a sempre presente temporada de blockbusters de verão (a lógica é válida para o hemisfério norte). A fórmula é simples: misture doses generosas de ação, heroísmo, explosões e piadas fáceis, criando um típico filme para a estação com retorno praticamente garantido. Transformers: Dark of the Moon existe justamente para provar que essa é uma receita bem sucedida. A crítica pode não ser muito dócil com este tipo de filme, mas a bilheteria é uma prova concreta de que o publico, gostemos ou não, adora.

A história não difere muito da premissa da série. Sam Witwicky (Shia LaBeouf) é uma rapaz normal e comum com uma predileção por aventuras fantásticas e amigo de robôs gigantes que por algum motivo podem se transformar em todo o tipo de coisa. Depois de ter salvado o mundo mais de uma vez, Witwicky está preso novamente em uma vida sem propósito, até mesmo incapaz de encontrar emprego. Tudo muda quando ele se envolve em uma conspiração envolvendo a origem dos autobots; seu antigo líder, Sentinel Prime (o eterno Spock, Leonard Nimoy) fugido de seu planeta natal, Cybertron; o lado escuro da lua e segredos que a Nasa escondeu durante muito tempo. No final das contas, nem preciso dizer que o resultado disso tudo pode acabar na destruição de todo o nosso mundo, ou preciso?

A história tem dois momentos bastante distintos, parecendo praticamente dois filmes separados. O que, em teoria, justifica as desnecessárias duas horas e meia de duração. Na primeira parte temos o foco quase exclusivo na vida pacata do protagonista e seu desejo de fazer algo relevante novamente, para radicalmente partirmos para o segundo arco do filme, onde a pancadaria rola solta bem ao estilo Michael Bay (mesmo que desta vez o clima seja um pouco mais sombrio). Então, espere por muitas explosões, prédios ruindo e frases de efeito. Mesmo que o roteiro seja de longe a coisa menos relevante em um blockbuster deste tipo, fico contente em dizer que, ao menos dessa vez, conseguiram fazer algo bem encaixado, o que impede que o filme se transforme em uma experiência dolorosa e volte para a categoria de diversão descompromissada.

Assim, enquanto quase todos os velhos robôs estejam de volta, como Optimus Prime (Peter Cullen) e Megatron (Hugo Weaving), uma personagem importante sai de cena. Não vemos mais o par romântico de Sam Witwicky, Mikaela Banes (Megan Fox), mas uma nova garota, Carly (Rosie Huntington-Whiteley, que entrega uma atuação que não atrapalha a trama, mas também não acrescenta nada ao filme). A justificativa para isso ter acontecido é pouco convincente, mas, tudo bem. Afinal, sabemos que em Hollywood os egos às vezes falam mais alto.

Os efeitos especiais são, como sempre, bastante competentes, apesar de uma irritante predileção do diretor e da equipe de fotografia por câmera lenta, por reflexos de luz e por tremedeiras. Felizmente, tive a oportunidade de ver o filme em 3D (e legendado, olhe só!), mas, sinceramente, os efeitos tridimensionais foram bastante subaproveitados. Não que eles cheguem a incomodar, como em Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, mas eles acrescentam tão pouco que me questiono se valeria a pena pagar os abusivos preços das seções em 3D para conferir.

Já para os que abominam a série, o maior consolo neste filme é que ele praticamente fecha a saga dos autobots no cinema, ficando difícil vermos uma continuação direta. Ainda assim, não é possível afirmar nada, já que a ganância dos produtores tende a reservar certas surpresas. Talvez este seja, também, um motivo a mais para quem gosta ir assistir, prestando sua última visita à franquia. Para aqueles que, como eu, são neutros neste assunto, Transformers: Dark of the Moon se mostra como um filme de ação sem compromisso e típico das férias de verão americanas. Se você procura algo para desligar o cérebro e relaxar, o filme permanece como uma boa pedida. Apesar de que, nessa área, o recente The Hangover Part II seja, sem duvidas, bastante superior.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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