Divagações: Horrible Bosses

Eu sempre gostei dessas comédias sobre trabalho, pois é o tipo de tema que se desenvolve de modo muito orgânico, um contraponto entre aquilo...

Eu sempre gostei dessas comédias sobre trabalho, pois é o tipo de tema que se desenvolve de modo muito orgânico, um contraponto entre aquilo que é banal e corriqueiro e o fantástico oferecido pela ficção. Então, devo admitir que Horrible Bosses parecia ser bastante promissor desde o primeiro trailer. Com isso em mente, acabei ir vendo o filme esperando um novo Office Space (talvez tenha sido até mesmo influenciado pelo título nacional) e, em um misto de surpresa e decepção, acabei conseguindo algo que mais se aproximava dos moldes de The Hangover – mas sem toda a bebedeira, é claro.

A trama principal é bastante simples e serve apenas como fio condutor para as situações cômicas que vem a seguir. Nick Hendricks (Jason Bateman), Kurt Buckman (Jason Sudeikis) e Dale Arbus (Charlie Day), são três grandes amigos desde a faculdade. Cada um deles tem um chefe terrível, que torna seus dias de trabalho insuportáveis. Então, adivinhe qual foi a brilhante solução encontrada pelos companheiros para se livrar desse tormento? Simples: matar os chefes! A partir desse ponto, tudo se transforma em um pretexto para a comédia, sejam os coadjuvantes, as situações absurdas para o trio encontrar quem realize o serviço ou aquelas ‘trapalhadas’, que já são mais do que esperadas em uma história assim.

Como eu já havia dito, as coisas se desenvolvem de modo muito parecido com The Hangover. As situações, a linguagem e até mesmo os personagens são semelhantes. Nick é o sujeito mais responsável e sério; Kurt é o mulherengo e mais aventureiro; e Dale, mesmo não repetindo o icônico exagero pastelão de Zach Galifianakis, é o sujeito mais atrapalhado e que desencadeia boa parte das confusões vistas na tela. Isso persiste mesmo quando o assunto são os coadjuvantes. Afinal, Dean 'MF' Jones (Jamie Foxx) tem uma função bem similar ao Mr. Chow, aquele personagem engraçadinho que está lá para roubar a cena uma vez ou outra. Destaque também para os chefes, interpretados por Kevin Spacey, Jennifer Aniston e Colin Farrell.

Mesmo assim, não posso dizer que esta comparação é inteiramente negativa. The Hangover Part II deu certo e foi um bom filme, mesmo sendo mais do mesmo. Por que outro titulo não poderia ser interessante mesmo seguindo uma formula já não tão original? Horrible Bosses é assim. Não é fresco e não tem a surpresa ao seu favor, mas ainda consegue ser um filme divertido e arrancar algumas risadas. Não é um humor inteligente e cheio de sacadas geniais, mas também não desanda para uma comédia vulgar e consegue manter o equilíbrio e a mistura no ponto até o final. Ponto para o diretor Seth Gordon.

Não há dúvida de que esse não é o tipo de filme que vai agradar a todos os públicos (e nem sei se essa foi a sua intenção em algum momento). Mesmo não tendo o que é preciso para se fazer um grande sucesso, Horrible Bosses acerta no alvo o público órfão de comédias mais adultas na ressaca (sem trocadilhos) da temporada de verão americana. Se você gosta do gênero, pode ter certeza que Horrible Bosses rende uma boa tarde de gargalhadas na sala de cinema, sobretudo se você também já pensou em se livrar daquele seu chefe inconveniente.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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