Divagações: The Untouchables

O ano era 1987. Kevin Costner , Sean Connery , Andy Garcia e Robert De Niro estavam com tudo e embarcaram em um filme que contava a histór...

O ano era 1987. Kevin Costner, Sean Connery, Andy Garcia e Robert De Niro estavam com tudo e embarcaram em um filme que contava a história da prisão de Al Capone – ou seja, todos esperavam por um filmão. E encontraram! Embora não seja a melhor coisa que você já viu na vida, com certeza The Untouchables deu conta do recado na década de 1980. O filme, inclusive, garantiu um Oscar de melhor ator coadjuvante para Connery na única indicação de sua carreira.

A história se passa durante a década de 1920, quando a máfia estava forte e a Lei Seca vigorava nos Estados Unidos. Obviamente, todos tomavam um pouquinho, exceto o agente federal Elliot Ness (Kevin Costner). Esse certinho “homem da lei” foi escolhido para uma ação em Chicago e resolve ter Al Capone (Robert De Niro) como seu inimigo pessoal. Para isso, ele cria um time escolhido a dedo, evitando a corrupção da polícia e o vazamento de informações sigilosas. Não demora muito para que eles fiquem conhecidos como Os Intocáveis, o que explica o título.

Ainda assim, os fatos não podem ser esquecidos (ou não podiam até Inglourious Basterds). Al Capone foi preso por dever impostos ao governo, o que não chega a ser exatamente emocionante. Por isso, muitas cenas de ação e enfrentamentos com a máfia que vemos na tela são completamente fictícios ou, simplesmente, bastante exagerados. Essa tentativa de colocar mais ação na mão do grupo de “intocáveis” chega a ser um pouco frustrada quando pensamos que uma das cenas mais impactantes do filme, na verdade, mostra apenas a crueldade da máfia em uma negociação para venda de cervejas.

A sequência mais conhecida do filme, no entanto, não é essa. Devido a dificuldade de conseguir um trem de época para realizar as filmagens, o diretor Brian De Palma se inspirou em Bronenosets Potyomkin e economizou ao utilizar as escadas da estação. A cena consegue ser ainda mais memorável por conseguir idealizar o protagonista em um nível que hoje seria considerado pura ingenuidade – pois é, homens de princípios são sempre assim.

Aliás, a falta de dinheiro da produção pode até ter resultado em bons momentos, mas deixou a desejar em outros. Para quem está acostumado em ver filmes onde nada pode estar errado e há consultores por todos os lados, The Untouchables tem muitas falhas. Os atores visivelmente não sabem como manejar as armas direito e não tem treinamento policial. Mas não se preocupe porque, nesse filme, você só morre se fizer algo que não deveria (algo bem específico e óbvio, para falar a verdade, mas eu não vou contar porque sou malvada).

Claro, é sempre uma aposta arriscada fazer um filme sobre a máfia enfocado em quer acabar com ela (confesse, você acha aqueles caras legais) ou na polícia que combate uma causa que não é apoiada atualmente (essa história de proibir a venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos nunca deu muito certo, na verdade). Ainda assim, sinceramente, acredito que esse filme precisa de um remake de qualidade. Não que a produção seja ruim, mas ela não envelheceu bem. A história tem potencial e merece uma roupagem mais realista e cruel.

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