Divagações: The Jane Austen Book Club

Às vezes, criamos uma relação de carinho com um determinado autor. Pode parecer coisa de mulherzinha – e talvez seja –, mas eu tenho is...

Às vezes, criamos uma relação de carinho com um determinado autor. Pode parecer coisa de mulherzinha – e talvez seja –, mas eu tenho isso com Jane Austen. Já li todos os seis livros da escritora e adorei a proposta de The Jane Austen Book Club desde a primeira vez que ouvi falar do filme. Eu também adoraria participar de um grupo que se reúne uma vez por mês para conversar sobre livros tão queridos!

Basicamente, no filme somos apresentados a cinco mulheres, cada uma com suas próprias motivações para parar um pouco a correria do dia a dia, ler um romance e depois ir tagarelar sobre isso com as amigas. Jocelyn (Maria Bello) é solteira e feliz, embora sofra bastante com a morte de um de seus cachorros. Sua melhor amiga é Sylvia (Amy Brenneman), que acabou de ser largada pelo marido, Daniel (Jimmy Smits). A filha de Sylvia é a aventureira – e orgulhosamente lésbica – Allegra (Maggie Grace) que procura não só ajudar a mãe, mas também procura um escape. Elas são reunidas graças a Bernadette (Kathy Baker), que encontra por acaso a problemática Prudie (Emily Blunt), uma certinha professora de francês que está sentindo muita vontade de trair o marido com um aluno chamado Trey (Kevin Zegers). No entanto, como se tratam de seis livros, elas chamam Grigg (Hugh Dancy), um jovem interessado por ficção científica, que nunca leu Jane Austen antes, mas que pode se tornar uma opção romântica para Sylvia – ou não.

Uma produção com essa temática, no entanto, não é um blockbuster e nem quer se aventurar a ser. Assim, mesmo com todo o esforço da diretora e roteirista Robin Swicord, o resultado final parece feito para televisão e tem alguns problemas perfeitamente aceitáveis quando pensamos que é sua estreia na direção (poxa, gente, vamos dar uma força para projetos legais!). Outro problema é a personagem de Emily Blunt, que destoa das demais justamente por ter sido “encontrada” ao acaso e não uma amiga de longa data. Seus dramas pessoais são exagerados e suas reações não parecem naturais, mas a solução da personagem resulta em uma das cenas mais bonitas.

Aliás, o filme é bastante delicado e ganha muitos pontos pela forma de retratar tantas mulheres respeitando o jeito de cada uma. Ainda assim, não espere encontrar uma versão modernizada de Jane Austen – para o bem do próprio filme, os produtores entenderam que se trata de outra coisa, outra mídia, outra linguagem, outros tempos. Obviamente, isso não impede que as personagens se identifiquem com as heroínas dos livros, algo perfeitamente natural, eu diria.

Com qualidades e defeitos, minha opinião ainda pende a favor de The Jane Austen Book Club. Ainda assim, não indico o filme para quem não tem o menor conhecimento dos livros. Ao contrário do que dizia o slogan da produção, “You don't have to know the books to be in the club”, é preciso conhecer as obras para entender diversos diálogos. Mesmo que isso não seja algo proibitivo, acredito que quem não leu sai perdendo e pode acabar se entediando durante o filme. De qualquer forma, é uma boa opção para quem está procurando entretenimento com as amigas.

E aí, meninas, vamos montar um clube do livro?

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