Divagações: The Adventures of Baron Munchausen

O imaginário popular é capaz de coisas maravilhosas! Quando ele se junta a uma mente brilhante, então, o resultado pode atingir níveis es...

O imaginário popular é capaz de coisas maravilhosas! Quando ele se junta a uma mente brilhante, então, o resultado pode atingir níveis espetaculares. No caso de The Adventures of Baron Munchausen, temos a história de um homem incrível – que já sofreu intervenções populares – sendo contada por outro homem de grande talento, Terry Gilliam, praticamente um especialista em sonhos e narrativas fantásticas.

O parágrafo anterior, e sua profusão de adjetivos, procura apenas tentar explicar a viagem (no bom sentido) que é o filme. The Adventures of Baron Munchausen explora o imaginário alemão através de uma figura real, porém já muito romanceada. Hieronymus Karl Frederick Baron von Munchausen (John Neville) viveu no século XVIII e, na época, já era conhecido como um excelente contador de histórias. Seus contos falavam da época em que foi parte do exército russo e lutou contra os turco-otomanos. No filme, no entanto, ele já é um senhor de idade e motivo de chacota popular.

A história começa com um belo espetáculo teatral, onde Henry Salt (Bill Paterson) e companhia contam as divertidas histórias do barão. No entanto, eles são interrompidos pelo próprio, que começa a contar sua verdadeira história – até que um bombardeio turco o faz partir em uma nova aventura, dessa vez ao lado da pequena Sally Salt (Sarah Polley). Os dois vão à Lua, onde encontram o casal real (Robin Williams e Valentina Cortese), e à morada de Vulcan (Oliver Reed) e Venus (Uma Thurman), além de reencontrarem os poderosos velhos amigos do Baron Munchausen.

De qualquer modo, o visual do filme parte do maravilhoso (o teatro) para o inacreditável (a aventura em si) e só nos resta embarcar. Colorido, absurdo e cheio de referências artísticas, The Adventures of Baron Munchausen consegue agradar a todos os que têm imaginação, embora perca um pouco o ritmo no final. Terry Gilliam, que também escreveu o roteiro, deixa sua marca na maneira de enxergar o mundo e quem viu The Imaginarium of Doctor Parnassus poderá encontrar alguns paralelos. Ao mesmo tempo, esse é um exercício de imaginação e criatividade: como o protagonista contaria sua própria história? Talvez não fosse exatamente assim, mas convence.

Colocando surpresa atrás de surpresa, o filme acredita no que está contando e não ri de si mesmo – ele pode até ser engraçado, mas está longe de ser uma comédia assumida. Uma história fantástica e cheia de absurdos é algo difícil de encontrar hoje em dia, ainda mais feita com tanta coragem e tanto respeito pelo material original (quem gostou de Stardust vai encontrar algo bem legal aqui). Na época do lançamento, inclusive, alguns críticos disseram que The Adventures of Baron Munchausen não fazia sentido, mas quem disse que isso é sequer necessário?

Muito mais rápido que um conto de fadas tradicional – mas com tanta magia quanto –, o filme poderia ser muito bem aproveitado pelas crianças de hoje em dia, apesar de ter sido feito em 1988 (ok, os maiores vão reparar nos efeitos especiais defasados). Como não é necessariamente infantil, os interessados em cultura e história também podem tirar sua lasquinha. Há tantos detalhes significativos que dificilmente uma pessoa sozinha conseguirá perceber tudo. The Adventures of Baron Munchausen é a arte homenageando a cultura popular.

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