Divagações: Ice Age - Continental Drift

Admito que esta é uma daquelas franquia que nunca me convence completamente. Quando digo franquia, eu me refiro especificamente ao caminh...

Admito que esta é uma daquelas franquia que nunca me convence completamente. Quando digo franquia, eu me refiro especificamente ao caminhão de continuações que o produto original recebe, sobretudo por estas destoarem completamente do clima do primeiro filme – que, para mim, tem o seu valor. Assim, fui ver Ice Age: Continental Drift com uma dose grande de pessimismo, já que o capitulo anterior da série fez pouca coisa para mudar a minha impressão de que as coisas iam de mal a pior com o título.

A história se passa alguns anos depois de onde fomos deixados na série. A filha do mamute Manny (Ray Romano), Peaches (Keke Palmer) já é uma adolescente com todos os problemas que vem com idade e está em constante conflito com o seu pai superprotetor. Quando os continentes começam a se separar, levando Manny para longe de sua família, cabe a ele, à preguiça Sid (John Leguizamo) e ao tigre Diego (Denis Leary), arranjarem um jeito de voltarem para casa, mesmo que isso envolva atravessar os mares e enfrentar o bando do capitão Gutt (Peter Dinklage), um orangotango metido a pirata.

Enfim, na verdade, nem sei se seria correto nos referirmos aos atores originais ao falarmos deste filme, afinal, não há como escapar das onipresentes cópias dubladas nos cinemas brasileiros. Por sinal, fica aqui a minha revolta quanto ao tratamento que este filme vem recebendo nos estúdios cariocas.  Não há como negar que Diogo Vilela, Márcio Garcia, Tadeu Mello e Cláudia Jimenez (respectivamente os dubladores de Manny, Diego, Sid e Ellie) não têm tino nenhum para o trabalho de dublagem e estão lá apenas para realizar a triste sina de chamar mais público. Ou seja, chega a ser ridículo comparar o trabalho dos verdadeiros profissionais presentes no filme com a interpretação amadora e por vezes irritante destes atores.

O filme em si tem seus altos e baixos, sendo certamente mais recomendado para os que gostaram do segundo e do terceiro capitulo da série do que os que preferem o tom mais sóbrio da primeira versão. A ‘antropoformização’ dos animais chega aqui ao seu ápice, o que talvez agrade aqueles que não se incomodam com uma comédia mais fácil, aumentando o apelo mais para as crianças pequenas do que para os pais. O roteiro cai em diversas incongruências um pouco incomodas para quem ainda se lembra dos longas anteriores e a própria mensagem do filme é meio indefinida. Então, mesmo como obra para a família, é possível questionar a sua funcionalidade.

De qualquer modo, como sempre os momentos mais engraçados estão por conta do esquilo Scrat (Chris Wedge). Infelizmente, metade  do seu tempo em tela se resume às sequências que já vimos exaustivamente em materiais promocionais, como os trailers para o filme. Assim, é um pouco decepcionante termos um material tão desgastado pela superexposição anterior das piadas.

No final, são poucas as pessoas para quem eu me sentiria seguro em indicar Ice Age: Continental Drift. Se você tem a companhia de crianças pequenas nesta época de férias escolares (e já viu o claramente superior Madagascar 3: Europe's Most Wanted), talvez não custe nada dar um pulinho no cinema. Mas se você, assim como eu, não consegue lidar com a dublagem nacional, certamente não estará perdendo nada esperando pelo lançamento da versão caseira (que não deve demorar).


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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