Divagações: Brave

Oficialmente, a estreia de Brave é somente amanhã (20). No entanto, a maior parte dos cinemas já colocou duas – ou mais – sessões a títu...

Oficialmente, a estreia de Brave é somente amanhã (20). No entanto, a maior parte dos cinemas já colocou duas – ou mais – sessões a título de pré-estreia. Sinceramente, eu não me importo muito com isso. Só achei estranho que poucas dessas exibições eram em 3D, além de ter ficado decepcionada por nenhuma ser legendada. Mas não tem problema, a dublagem do filme é competente (vou confessar que o sotaque carioca me incomodou um pouco, mas eu é que sou implicante).

Brave conta a história da princesa Merida (Kelly Macdonald), a filha querida e ruiva do rei Fergus (Billy Connolly). Por tradição, ela deve se casar com o primogênito de algum dos três lordes do reino e, embora sua mãe, a autoritária rainha Elinor (Emma Thompson), acredite que ela está pronta para esse novo passo em sua vida, Merida ainda se sente insegura. Após uma briga, ela foge para uma floresta próxima e acaba encontrando uma bruxa, para quem pede um feitiço. O resultado, contudo, não é exatamente aquele que ela esperava.

Assim, o filme cai em uma maldição que parece estar acometendo com frequência os filmes da Pixar: a premissa é ótima e os personagens são extremamente cativantes – mas apenas durante a primeira meia hora de projeção. Depois, o conflito que surge é bastante comum e previsível, levando o filme para uma aventura leve e sem muita graça. No caso de Up, por exemplo, esse começo era tão bom que as pessoas relevavam o restante do filme. O problema é que esse jeito de contar histórias está se transformando em uma fórmula, de modo que aqueles que acompanham as produções do estúdio acabam ficando entediados e os críticos terminam por perder o entusiasmo.

Obviamente, não dá para negar a beleza dos cenários e do filme em geral. O estúdio caprichou em seu primeiro filme de época, que também é o primeiro protagonizado por uma personagem feminina. Dessa forma, a cabeleira ruiva de Merida é, sem dúvida, o grande destaque, embora os ursos realistas que habitam a floresta também mereçam ser lembrados. Por ter muitas cenas noturnas e um aspecto mais sombrio e enevoado, diversas cenas de Brave acabam bem carregadas, o que prejudica um pouco o 3D, já que os óculos possuem lentes escuras.

A propósito, mais uma vez a Pixar não abusa do efeito 3D, o aproveitando mais para dar uma sensação de profundidade e deixar tudo mais bonito do que exatamente para fazer coisas pularem na cara dos espectadores. Particularmente, eu acho essa escolha válida, embora o preço dos ingressos deva ser levado em consideração. Isso talvez explique a preferência dos cinemas em manter outros filmes nas salas com projetores especiais.

Dedicado a Steve Jobs, o filme brinca muito com os detalhes. Os sobrenomes dos três lordes do reino, inclusive, representam uma atração à parte: Dingwall (Robbie Coltrane), MacGuffin (Kevin McKidd) e Macintosh (Craig Ferguson). Assim, embora não vá desagradar aos fãs do estúdio ou aos nerds de plantão, a sessão acaba sendo um programa mais propício para as meninas (ou para mães e filhas).

De qualquer modo, não é todo dia que temos a experiência de ver uma animação tão bem feita e repleta de detalhes (quem encontrar o caminhão do Pizza Planet ganha um doce). Brave tem cavalos majestosos, cachoeiras realísticas, batalhas sangrentas, alívio cômico na pele de irmãozinhos travessos e tantos outros elementos que fazem desse filme uma obra rica em entretenimento sem deixar de ser cinema de qualidade e com conteúdo. Agora só me resta esperar por um DVD ou Blu-Ray, quando poderei ver o filme legendado.

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