Divagações: Young Adult

A roteirista Diablo Cody chamou muita atenção com seu trabalho de estreia, Juno . Ao anunciar seu próximo projeto como um terror adolesc...

A roteirista Diablo Cody chamou muita atenção com seu trabalho de estreia, Juno. Ao anunciar seu próximo projeto como um terror adolescente estrelado por Megan Fox e Amanda Seyfried (Jennifer's Body), ela acabou diminuindo as expectativas sobre si mesma e abriu portas para fazer curtas e projetos na televisão. Em Young Adult, ela volta a fazer parceria com o diretor de Juno, Jason Reitman. Os quatro anos que se passaram desde o primeiro sucesso, no entanto, diminuíram bastante o impacto da surpresa.

O filme conta a história de uma escritora de livros para adolescentes, chamados de ‘jovens adultos’ no meio editorial em questão. Divorciada há pouco tempo, Mavis Gary (Charlize Theron) está escrevendo o último volume de uma série que já saiu de moda quando recebe um convite para conhecer a filhinha recém-nascida de um ex-namorado dos tempos do colégio, Buddy Slade (Patrick Wilson). Convencida de que ele deveria ser o amor da sua vida, ela faz as malas e parte para sua cidade natal, onde pretende enfrentar a esposa, Beth (Elizabeth Reaser), com a ajuda de um antigo colega, Matt Freehauf (Patton Oswalt).

Além de imatura, a protagonista tem compulsões estranhas e parece realmente maníaca. Suas atitudes são contraditórias e o livro que ela está escrevendo deve ser realmente ruim, uma vez que ela se inspira em conversas sobre relacionamentos que ouve parcialmente e em seus próprios dramas pessoais. Aos poucos, ela e a personagem de seu livro se mesclam de tal forma que Mavis chega a utilizar as falas que deveriam ser apenas impressas.

Acompanhando uma pessoa assim, o expectador se distancia do filme e o roteiro ácido de Diablo Cody deixa de parecer legal para ser simplesmente um humor cruel. Em Young Adult, o desapego em relação ao bebê serve para demonstrar um egoísmo sem tamanho e o sonho americano se transforma em um ideal de normalidade, por mais que seja um tanto sem graça, chato, brega ou piegas (escolha a opção que menos lhe agrada).

O filme também possui um ritmo mais lento que o usual, algo relativamente normal em produções que mostram mais o cotidiano de seus personagens ao invés de uma história bem estabelecida. Um outro exemplo disso é Somewhere, que não deixa de possuir um público-alvo semelhante. Esse modo de contar histórias tende a agradar mais às mulheres, então é bom pensar duas vezes antes de convidar o namorado.

Para completar, Young Adult é cheio de pequenas referências. Não é nada muito importante ou que chegue a atrair os nerds de plantão – é praticamente um bônus para quem conseguir captar. Esse aspecto, no entanto, é suficiente para manter a concentração no filme. Afinal, embora o começo seja bastante interessante e o crescente surto da protagonista mereça um olhar atento, há bastante espaço para dispersão.

Não que o filme seja ruim. É apenas uma obra que exige que você esteja com a vontade específica de assisti-la. Charlize Theron cumpre seu papel e entrega um trabalho de primeira qualidade, com um visual às vezes desleixado e, em outros momentos, calculado para os efeitos que deseja atingir. Young Adult conta a história de uma pessoa irritante. Podemos culpar o filme por isso, ainda mais quando ele consegue atingir seu objetivo principal?

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