Divagações: Adventureland

Trazer criatividade e um ar de novidade para um gênero considerado ‘burro’ pode ser um grande desafio se você quiser ampliar seu público-...

Trazer criatividade e um ar de novidade para um gênero considerado ‘burro’ pode ser um grande desafio se você quiser ampliar seu público-alvo. Por maior que seja a quantidade de adolescentes a fim de uma comédia constrangedora, é sempre bom ser reconhecido também por ‘gente grande’. Greg Mottola já havia experimentado o gostinho do sucesso com a direção de Superbad, assim, em Adventureland, ele resolveu assumir também o roteiro.

Passado no final da década de 1980, o filme conta a história de James Brennan (Jesse Eisenberg com a cara de sempre). Ele é um rapaz riquinho que estava planejando passar um tempo na Europa quando seu pai muda de emprego e passa a ganhar consideravelmente menos. Com a própria mensalidade da faculdade a risco, ele arruma um emprego durante o verão no parque de diversões de sua cidade natal, o Adventureland. Assumidamente virgem, de repente ele se vê alvo das atenções da bonitona Lisa P. (Margarita Levieva) e da descolada Em Lewin (Kristen Stewart também com a cara de sempre).

Com bons momentos, o filme está muito longe de fazer você rir do começo ao fim. Mesmo assim, é divertido ver o pobre menino de classe média alta tendo que passar uns tempos trabalhando em um parque decadente e convivendo com gente estranha – o que inclui o inconveniente melhor amigo da infância, Tommy Frigo (Matt Bush); seu colega nas barracas de jogos, Joel (Martin Starr); o galã da manutenção, Mike Connell (Ryan Reynolds); e chefes que estão equilibrando as finanças do parque enganando os visitantes, Bobby e Paulette (Bill Hader e Kristen Wiig, espremendo as gravações na folga do Saturday Night Live).

Por mais que não pareça, Adventureland é praticamente uma homenagem ao parque de mesmo nome. Greg Mottola chegou a trabalhar por lá e queria que a estreia fosse na mesma data da reinauguração das atividades. A ideia é que, embora a tecnologia não seja de última geração (mesmo para o período), as pessoas podem passar bons momentos com os amigos, com jogos clássicos e com carrinhos de bate-bate. Além disso, a idade retratada é o início da juventude, época em que fica quase impossível não se divertir (no caso dos personagens, a maconha também ajuda um bocado).

Assim, o filme adquire uma atmosfera mais doce e nostálgica, fugindo do que poderia ser simplesmente mais uma comédia adolescente – e das expectativas em torno do diretor. Jesse Eisenberg e Kristen Stewart fazem um bom trabalho ao acrescentar mais emoções, embora já tragam os clichês que pelos quais ficariam conhecidos (o nerd e a liberada arrependida). Na verdade, muitas das fórmulas do gênero também estão presentes, mas elas funcionam bem e naturalmente em um ambiente como esse.

Claro que o filme sofre um pouco com o ritmo irregular e com algumas tentativas de trazer mais drama para a história, mas isso não chega a atrapalhar tanto devido à curta duração. Tendo menos de duas horas, Adventureland é um passeio divertido e indolor que pode ser tratado como uma boa lembrança da adolescência e da época dos primeiros amores. Não é uma grande obra dramática, mas pode atingir mais do que algumas, dependendo da sua idade e das experiências de vida.

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