Divagações: Hansel & Gretel - Witch Hunters

De vez em quando surgem essas tendências que você não tem ideia de onde vieram. Simplesmente, em um belo dia, os contos de fadas estão no...

De vez em quando surgem essas tendências que você não tem ideia de onde vieram. Simplesmente, em um belo dia, os contos de fadas estão novamente na moda e centenas de adaptações e releituras questionáveis de cada um deles começam a pipocar em todo o tipo de mídia imaginável.

E o que dizer de um filme como Hansel & Gretel: Witch Hunters? Afinal, ele não só surfa na onda dos contos de fadas, como se aproveita da já um pouco passada febre dos monstros, vampiros e zumbis para promover Jeremy Renner, que ainda tenta se firmar como um astro de ação depois da experiência em Mission: Impossible - Ghost Protocol e do seu papel de destaque em The Avengers.

Bom, já era fácil prever que seria um filme sem profundidade, pois não se espera muito mais de um filme de ação feito com o único propósito de ser cool. No entanto, a questão primordial é: Hansel & Gretel: Witch Hunters é capaz de entregar aquela diversão descerebrada que prometeu ou essa grande salada de conceitos é um prato indigesto demais?

Pegando de onde a fábula parou, o filme conta o que aconteceu a Hansel (Jeremy Renner) e Gretel (Gemma Arterton) depois do seu fatídico encontro com a bruxa na casa de doces. Incentivados pelo trauma, eles cresceram para se tornarem mercenários especializados em caçar bruxas, além de serem motivados por uma estranha imunidade à magia das feiticeiras. Porém, um trabalho encomendado na cidade de Augsburg se mostra bem mais complicado do que aparentava, os colocando em conflito com Muriel (Famke Janssen), uma bruxa mais poderosa do que eles imaginaram.

No geral, é difícil ver algum ponto que efetivamente se destaque, já que as atuações são fracas e o roteiro não passa de um fio condutor para mostrar Renner e Gemma trocando tiros e soltando frases engraçadinhas.  As próprias cenas de ação, apesar de competentes, não têm nada demais, faltando uma grande sequência memorável, aquele tipo de coisa que às vezes pode salvar um filme ruim.

Mesmo com todas as críticas a se fazer, não posso deixar de notar o quanto este filme foi bem pensado nos pequenos detalhes, como armas, inimigos, e o próprio background. Caso elementos como esses fossem bem explorados, a ideia poderia render um seriado ou até mesmo um jogo de videogame muito divertido. Porém, essa polidez se perde em meio à exigência de cenas de ação constantes e o ritmo acelerado do filme, deixando para trás um rastro de bons conceitos desperdiçados.


O fato de o filme ser para IMAX não adiciona muito à qualidade final do produto, já que a resolução maior parece ser mais uma forma de arrancar uma renda extra para as salas com essa tecnologia do que por alguma motivação artística – uma vez que a presença de um filme com apelo mais popularesco é sempre desejável. O 3D consegue se salvar, já que em alguns pontos apela para efeitos mais marcantes, apesar da parca utilização no resto do filme.

Porém, em momento algum Hansel & Gretel: Witch Hunters tenta ser mais do que realmente é. O filme é surpreendentemente consciente de suas limitações, sendo uma obra completamente voltada a um entretenimento rápido e palatável para aqueles adolescentes e adultos que querem ver tiros, sangue e ação em um filme com estilo e sem enrolação. Não é a toa que ficou tanto tempo em cartaz quando filmes muito mais bem cotados desapareceram dos cinemas.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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