Divagações: The Hangover Part III

Gostando ou não da franquia, o fato é que The Hangover se mostrou um sucesso inesperado, conseguindo uma bilheteria excelente e ótimas v...

Gostando ou não da franquia, o fato é que The Hangover se mostrou um sucesso inesperado, conseguindo uma bilheteria excelente e ótimas vendas para o home vídeo, apesar da clara desvantagem de ter uma classificação etária restrita para maiores.

No momento em que sua continuação chegou aos cinemas, contudo, a crítica se dividiu ao perceber que o filme, apesar de divertido, era apenas mais do mesmo. Assim, não havia como se esquivar do seguinte questionamento sobre o fechamento para a trilogia: será que este filme romperia com seus antecessores ou ficaria perigosamente preso a formula que o consagrou?

A resposta é bem menos animadora do que parece, já que The Hangover Part III não tem nada de The Hangover senão os personagens. Sem situações inexplicadas, sem o humor anárquico característico, sem a dinâmica entre o trio principal e pasmem, até mesmo sem a ressaca que dá nome ao filme.

Quando o pai de Alan (Zach Galifianakis) morre, seus amigos Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Doug (Justin Bartha) resolvem que já é hora dele mudar a sua vida, então, resolvem o internar em uma clínica para tratamento psiquiátrico. Porém, tudo dá errado quando o bando é sequestrado no meio do caminho por Marshall (John Goodman), um grande traficante e inimigo de Chow (Ken Jeong), que fugiu recentemente da cadeia na Tailândia e está indo encontrar com Alan, colocando o grupo no meio do conflito entre os dois criminosos.

A maior falha de The Hangover Part III é justamente tentar se descolar da imagem deixada pelos seus predecessores, tentando se apoiar em um roteiro mais linear e enxuto ao invés da sequência de situações absurdas desencadeada pelos personagens. O resultado é algo que se afasta um pouco da comédia escrachada e se aproxima de um filme de ação engraçadinho. A dinâmica dos personagens também deixa a desejar, deixando de lado a exploração de traços de personalidade engraçados de cada um, em prol de um desenvolvimento de personagem que fica muito a desejar.

O personagem de Ken Jeong, apesar de interessante no primeiro filme, acaba sendo mal dosado nessa sequência, pois sua excessiva histeria é dada fora das doses homeopáticas de sempre. Isso acaba incomodando e cansando o espectador, o tornando uma figura irritante em quase todos os momentos que está em cena. O próprio Alan, que sempre teve o papel de destaque nas situações cômicas, deixou de ser aquele “idiota adorável” dos outros filmes para se tornar um personagem extremamente chato, estragando um pouco a sua dinâmica com o grupo.

Apesar de tudo, esse não é um filme ruim, já que ele apenas fica a desejar em relação a quem esperava alguma coisa digna do original, deixando de lado a estrutura narrativa que me fez gostar da franquia inicialmente. Mesmo trazendo várias referências a acontecimentos dos filmes anteriores e uma ótima surpresa na cena após os créditos – não saiam do cinema sem ver –, The Hangover Part III parece ter sido uma tentativa mal sucedida de dar substância a uma franquia que nunca precisou disso para começo de conversa.

Para quem acompanha a série há tempos, talvez esse filme valha a pena ser visto, mesmo que para dar alguns sorrisos discretos. Apenas recomendo que você vá sem expectativas ou espere o filme sair em DVD, já que dificilmente esse é um título que merece uma ida ao cinema.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

Outras divagações:

RELACIONADOS

0 recados