Divagações: Monsters University

Como acontece com qualquer filme da Pixar , antes do longa-metragem vem um delicioso curta-metragem, de preferência com algum caráter exp...

Como acontece com qualquer filme da Pixar, antes do longa-metragem vem um delicioso curta-metragem, de preferência com algum caráter experimental em sua narrativa ou técnica. Nesse caso, The Blue Umbrella trouxe para o cinema uma animação tremendamente realista, usando a cidade e seus elementos como um cenário-personagem que acompanha a jornada dos protagonistas. Trata-se da história de amor entre duas sombrinhas, com cara de cinema europeu e o previsto final feliz de Hollywood – o que não quer dizer que não haja reviravoltas durante seus seis minutos.

Boas surpresas a parte, ir ao cinema para assistir a uma continuação como Monsters University, definitivamente, é esperar por mais do mesmo. Os protagonistas são os já conhecidos Mike (Billy Crystal/Sérgio Stern) e Sullivan (John Goodman/Mauro Ramos), ainda que um pouco mais jovens do que como os conhecemos em Monsters, Inc..

Na época da universidade, Mike era um jovem estudioso e sem talento, enquanto Sullivan era um rapaz com péssimas notas, um sobrenome famoso e uma atitude legal. Obviamente, isso resultou em uma rivalidade que, por uma coincidência infeliz, os coloca em maus lençóis com a diretora do curso de sustos, Abigail Hardscrabble (Helen Mirren/Mariângela Cantu). Então, para continuar a sonhar com uma formatura, os dois se juntam a um grupo nada popular em uma competição que testa diferentes habilidades necessárias para monstros que querem ser realmente assustadores.

Com vários pequenos bons momentos, Monsters University consegue fugir da fórmula atual da Pixar – uma abertura excelente, uma reviravolta um tanto quanto previsível e uma aventura fraca. Assim, o filme consegue manter um bom ritmo durante toda a sua duração, mas também não entrega nenhuma grande cena memorável.

As crianças, particularmente, devem se divertir vendo todas essas criaturas coloridas, com tamanhos e características tão diferentes; ouvindo essas músicas fofas; e aprendendo com uma história simples e de moral válida. A propósito, ainda que seja interessante conhecer alguns conceitos apresentados no filme anterior (crianças serem tóxicas, por exemplo), não é necessário tê-lo na memória.

Para quem já passou da idade de prestar atenção na mensagem educativa, o clima universitário garante alguma nostalgia, mesmo com a diferença cultural em relação às instituições brasileiras. Há a alegria do campus, os calouros empolgados, o gramado verde, os professores estranhos e as festas lotadas, mas não espere por nada mais pesado (é um filme infantil, afinal de contas!).

Embora eu esteja me sentindo carente de animações originais, Monsters University realmente tem um universo que merece ser revisitado. A premissa toda é bem interessante – um mundo paralelo onde uma sociedade de monstros vive da energia produzida pelos gritos infantis – e os personagens foram muito bem elaborados desde o princípio.

Assim, sem cometer erros, a Pixar também não acerta. Por mais que a história não seja brilhante, ela também não é de se jogar fora, o que faz com que o filme seja uma experiência válida para você e para o seu priminho, ainda que ambos possam acabar se esquecendo de tudo bem rapidamente.

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