Divagações: My Week With Marilyn

Para a maior parte das pessoas – eu inclusa – Marilyn Monroe é muito mais um símbolo que uma mulher. Bonita, charmosa, iluminada, sensua...

Para a maior parte das pessoas – eu inclusa – Marilyn Monroe é muito mais um símbolo que uma mulher. Bonita, charmosa, iluminada, sensual, burra, carismática, enigmática, simples, provocativa... Vários adjetivos podem ser atribuídos a ela, em grande parte devido às personagens que interpretou. Nascida Norma Jeane Mortenson e falecida com apenas 36 anos, Marilyn foi adorada e terrivelmente criticada, virou obra de arte e capa de caderno. Dificilmente haverá outra figura assim – os tempos mudaram, as estrelas de cinema não são mais como antigamente.

A primeira vez que Marilyn se transformou em personagem foi em 1976, 14 anos após a sua morte. Até o momento, já foram mais de 100 tentativas de tentar levar essa figura marcante para o cinema e a televisão. Só em 2011 foram 16 aparições, inclusive My Week With Marilyn, filme que rendeu indicações ao Oscar para Michelle Williams e Kenneth Branagh.

O filme conta uma história a partir do ponto de vista do terceiro assistente de direção Colin Clark (Eddie Redmayne). Ele consegue seu primeiro trabalho na indústria cinematográfica com o ator e diretor Laurence Olivier (Kenneth Branagh). Durante as filmagens, Clark conhece a mulher do diretor, Vivien Leigh (Julia Ormond), a grande atriz Sybil Thorndike (Judi Dench) e, claro, Marilyn Monroe (Michelle Williams).

O detalhe é que nem tudo corre bem. Inicialmente, o jovem leva sua vida sem problemas e começa a se envolver com a figurinista Lucy (Emma Watson). Contudo, os ânimos no set de filmagem ficam exaltados e o colocam em um fogo cruzado. Os métodos de trabalho de Olivier e Marilyn são diferentes, causando irritações homéricas no primeiro e elevando as inseguranças dela – que já não eram pequenas – ao máximo. Assim, Clark acaba se aproximando da atriz e vivendo uma breve história de amor (ou seria de encantamento?).

Obviamente, é impossível conhecer alguém em pouco mais de uma semana, de modo que o filme não se aprofunda na personalidade de Marilyn. Entretanto, há vislumbres de humor inconstante, baixa autoestima e uma imensa capacidade de cativar. Não sei até que ponto Michelle Williams entendeu sua personagem, mas ela a transforma em uma mulher verdadeiramente inesquecível. A propósito, a narrativa é baseada nos livros My Week with Marilyn e The Prince, the Showgirl and Me, escritos pelo falecido diretor Colin Clark.

Sendo baseado em fatos reais, o filme utiliza os cenários verdadeiros de The Prince and the Showgirl e Branagh parece se divertir ao tornar tão evidente o quanto sua formação shakesperiana é similar a do próprio Laurence Olivier. Todo o clima da Inglaterra daquela época é recriado com carinho, especialmente os figurinos, ainda que a rotina de filmagens pareça desorganizada e solta demais.

O mais encantador, contudo, ainda é a fragilidade da protagonista. Entre dopada, mimada, iludida, insegura e confusa, Marilyn Monroe nada lembra a figura poderosa que pode vir à mente em um primeiro momento. Podem até dizer que My Week With Marilyn tem uma história superficial, um roteiro fraco ou uma direção com pouca experiência cinematográfica, mas é impossível negar seu caráter tremendamente humano. Esqueça todo o resto e, mesmo sem perspectiva de conseguir, tente entender essa pessoa tão fascinante.

RELACIONADOS

0 recados