Divagações: Man of Steel

Em cartaz fora do país há um mês, Man of Steel recebeu no Brasil um tratamento similar ao de Star Trek Into Darkness , com um número lim...

Em cartaz fora do país há um mês, Man of Steel recebeu no Brasil um tratamento similar ao de Star Trek Into Darkness, com um número limitado de salas exibindo o filme em horários especiais (sempre os mais caros, claro) duas semanas antes da estreia oficial que, aliás, será amanhã. Isso é interessante para quem está muito ansioso e dilui a pressão para a estreia (evitando a confusão das sessões à meia-noite), mas continua não sendo muito justo com o público que realmente quer ver o filme ‘em primeira mão’.

Obviamente, imagino que muitos já saibam o que esperar da história. Clark Kent (Henry Cavill) é um jovem adulto que ainda não se encontrou na vida. Quando criança (interpretado por Cooper Timberline e Dylan Sprayberry), ele percebeu que era diferente de todas as outras pessoas por ser bem mais forte e ter instintos aguçados. Essa questão é parcialmente explicada quando seus pais (Diane Lane e Kevin Costner) revelam que, na verdade, o encontraram dentro de uma nave espacial.

Assim, Kent parte em diversas missões perigosas sempre que acha que pode encontrar pistas sobre sua origem, embora frequentemente acabe ‘apenas’ salvando pessoas em situações de risco. Contudo, no ártico, ele encontra uma nave onde, por acaso, vive a consciência de seu pai biológico, Jor-El (Russell Crowe). No processo, ele acaba sendo descoberto pela jornalista Lois Lane (Amy Adams), além de informar sua localização para um dos últimos habitantes vivos de seu planeta de origem, o assassino de seu pai, General Zod (Michael Shannon).

Para contar toda essa história, o filme coloca muitos elementos na tela, embora não se dê ao trabalho de explicar todos como se deve. Os buracos acabam ficando um pouco maiores que o necessário ao mesmo tempo em que Russell Crowe recebe as melhores cenas – acreditem, fiquei querendo um filme do Jor-El.

Além disso, Man of Steel simplesmente evita lidar com uma das maiores questões relativas ao personagem: o fato dele ser muito bonzinho e certinho. Querendo ou não, isso afasta o público e faz com que as pessoas não se identifiquem com ele. Afinal, ninguém é perfeito! A bondade de Clark Kent surge como inata e inquestionável, não existindo nada que se possa fazer (há apenas um pequeno ato de vingança, mas não diretamente contra uma pessoa). Dessa maneira, resta ao público se emocionar com os demais, já que o protagonista está muito além da possibilidade dos humanos.

Para quem tem fé, no entanto, não é difícil se divertir! As cenas de luta são muito boas e não falta ação. Tudo está sempre prestes a explodir, afundar, incendiar, despencar e o que mais for possível, afinal, os vilões se orgulham de não ter ‘senso de moralidade’ e também são super fortes (só não me pergunte os motivos). Por sua vez, as inevitáveis primeiras cenas de voo dão um alívio cômico, quebrando um pouco a seriedade geral.

Vale completar que o som é muito bem editado e mixado, o que garante a sensação de imersão (procure um cinema com equipamentos de qualidade se isso for importante para você). Eu assisti a Man of Steel em uma sala IMAX e foi justamente esse uso do som o que mais me impressionou, já que o efeito 3D é bem fraco e fica óbvio que o diretor Zack Snyder não se preocupou em fazer cenas especiais para dar sustinhos na plateia – até porque o filme foi convertido posteriormente.

Quem também ganha muitos pontos é a belíssima direção de arte, especialmente na criação do planeta Krypton, suas criaturas e tecnologias. Com um visual ao mesmo tempo orgânico e rebuscado, o filme foge dos modelos usuais relacionados com civilizações avançadas e reinventa o conceito de uma maneira muito interessante.

Resumindo: pegue a pipoca e divirta-se com a galera! O filme tem bons momentos, faz suas pequenas referências aos quadrinhos e a Jesus Cristo, mas evita incomodar as pessoas com isso. Dá para levar as crianças (e contar as gotas de sangue) e se deixar levar pelas emoções dos coadjuvantes – ou pelo belo físico do protagonista. Como todo bom americano, Man of Steel é politicamente correto e todos querem ser como ele, ainda que haja certas incoerências e nem tudo seja perfeito.

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