Divagações: Rocky

Em 1976, Sylvester Stallone era um jovem que estava lutando para se estabelecer na carreira de ator. Já estava a seis anos na indústria,...

Em 1976, Sylvester Stallone era um jovem que estava lutando para se estabelecer na carreira de ator. Já estava a seis anos na indústria, com alguns filmes e séries de televisão no currículo. Depois de escrever (com um pseudônimo) um episódio de The Evil Touch e ter criado alguns diálogos de The Lord's of Flatbush, ele decidiu se aventurar com um longa-metragem – e o resultado foi Rocky, que lhe rendeu indicações de Melhor Roteiro e Melhor Ator.

Na verdade, o filme recebeu um total de 10 indicações e ganhou três prêmios naquela cerimônia (Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Edição). Assim, mesmo sem ter levado uma estatueta, Stallone foi o vitorioso da noite, uma situação que não deixa de ter alguns paralelos com a história do filme.

Após ter investido muito dinheiro, o campeão do boxe Apollo Creed (Carl Weathers) descobre que seu adversário não poderá lutar por motivos de saúde. Em uma jogada de marketing, ele escolhe um desconhecido para o enfrentar, Rocky Balboa (Sylvester Stallone). Longe de estar em sua melhor forma, Rocky acabou de perder lugar em sua academia, detesta seu trabalho como cobrador do agiota Tony Gazzo (Joe Spinell) e tem dificuldades para convidar a tímida Adrian Pennino (Talia Shire) para sair. No entanto, ele percebe a luta como uma oportunidade e decide dar o seu melhor.

Longe de ser um longa-metragem cheio de amor e esperança, Rocky é um filme bem pé no chão. Desde o princípio fica claro que as chances do boxeador são baixas contra o grande e mundialmente reconhecido campeão, mas ele não tem mais para onde ir, então, resta apenas seguir em frente.

O grande apelo do filme reside justamente em seu protagonista, que é um cara certinho (mesmo com esse emprego), amigo leal, namorado preocupado, amante dos animais e lutador esforçado, acordando de madrugada para treinar e tudo o mais. Ele também tem seus defeitos, é esquentadinho, mas nada que chegue a atrapalhar a imagem de alguém que realmente merece uma chance para sair de seu apartamento fedorento.

Outro aspecto interessante é o local onde o protagonista vive, uma vez que não é sempre que vemos um filme tão concentrado em uma comunidade mais pobre. Os cenários incluem banheiros nojentos de bares, prédios caindo aos pedaços e ruas com jovens fumando nas esquinas. Isso tudo ajuda bastante na atmosfera mais realista e menos Cinderella que o filme pretende passar.

Inclusive, a maneira como Rocky enxerga as coisas também é muito interessante, pois ele percebe o espetáculo como algo patético, mesmo estando tão emocionalmente envolvido na luta. As reações e os comentários dele mostram que não se trata de um homem ignorante, mas alguém que apenas precisa de um empurrão para seguir em frente.

Obviamente, o filme envelheceu um bocado e o personagem de Stallone não seria mais considerado em uma produção atual. Para completar, as cenas de luta não são das melhores e é perceptível que os atores mal encostam um nos outros. Quem entende um pouco melhor do esporte nota com facilidade que o nível está muito abaixo do boxe profissional, mas isso acaba tendo pouco impacto no conjunto.

Afinal, mesmo após tanto tempo, o filme continua sendo absolutamente envolvente. Rocky é um título obrigatório para todos os fãs de Stallone, para aqueles que gostam de cinema e para quem não acredita em finais felizes, mas precisa de um pouco de esperança nessa vida.

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