Divagações: Dear Mr. Watterson

Os cineastas tem se aproveitado bastante das possibilidades do crowdfunding. Principalmente para quem está começando e tem uma boa ideia ...

Os cineastas tem se aproveitado bastante das possibilidades do crowdfunding. Principalmente para quem está começando e tem uma boa ideia na cabeça – mas ainda falta ter uma câmera na mão – sites como o Kickstarter podem dar aquele empurrão necessário. Além de Veronica Mars, documentários como Indie Game: The Movie e Dear Mr. Watterson também conseguiram chegar ao público dessa forma. Nada como ter um tema com muitos fãs!

No caso de Dear Mr. Watterson, o diretor Joel Allen Schroeder utilizou seu filme para tentar entender o criador das tirinhas Calvin & Hobbes, Bill Watterson. A propósito, caso você não conheça esse menino sapeca de cabelo espetado e seu amigo tigre, por favor, corra até a biblioteca ou livraria mais próxima e descubra Calvin & Hobbes (sim, antes mesmo de ver o filme).

De qualquer modo, duvido que existam muitas pessoas que desconheçam os personagens completamente. Em sua jornada, Schroeder encontrou muitas pessoas dispostas a falar sobre sua relação de amor com os personagens, a qualidade dos desenhos das tirinhas e as boas sacadas nos textos. Ou seja, não faltaram elogios! Isso deixa o documentário meloso demais, mas é preciso admitir que é complicado achar alguém com bons argumentos para falar negativamente de Calvin & Hobbes.

Infelizmente, por ter uma personalidade reclusa, o criador das tirinhas não chega a aparecer em Dear Mr. Watterson, mas há muitas pessoas dispostas a falar sobre ele e seu trabalho. Entre os entrevistados estão nomes como Berkeley Breathed, Seth Green, Stephan Pastis, Bill Amend e Jef Mallett.

Além das entrevistas, também foram feitas visitas a Changrin Falls, em Ohio, cidade onde Bill Watterson viveu sua infância, e a Billy Ireland Cartoon Library & Museum, também em Ohio, onde está a maior parte dos desenhos originais. Os dois locais trouxeram muitas informações interessantes sobre a personalidade do criador das tirinhas, suas influências e inspirações.

Obviamente, o filme apresenta uma quantidade enorme de tirinhas e desenhos, que ilustram lindamente toda essa jornada de descobrimento. Vários livros e jornais são filmados de perto, mostrando detalhes nos desenhos e as sacadas nos balões de diálogo. Quem gosta dos personagens deve, sem dúvida, se encantar!

Para equilibrar a obra, que possui motivações pessoais extravasadas logo no começo, o diretor também conversou com pessoas capazes de criticar a postura reclusa do autor, a falta de merchandising da obra e a visão que o autor tem da indústria dos quadrinhos (Watterson quer seu trabalho sendo valorizado como arte e não como um produto comercial). Essa abordagem merece destaque por trazer pontos relevantes sobre as tirinhas de forma mais ampla, abordando inclusive a situação atual desse tipo de publicação.

Dessa forma, Dear Mr. Watterson é um filme apaixonado que tenta não viver um amor cego. Schroeder conseguiu fazer muita coisa com o que tinha a sua disposição e deve ter agradado seus financiadores. E que venham muito e muitos mais projetos como esse!


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