Divagações: Welcome to the Punch

Com tantos filmes sendo produzidos, é normal que alguns simplesmente passem despercebidos. Welcome to the Punch , por exemplo, foi lançad...

Com tantos filmes sendo produzidos, é normal que alguns simplesmente passem despercebidos. Welcome to the Punch, por exemplo, foi lançado em 2013 e quase ninguém prestou atenção – mesmo com um elenco reconhecido e uma trama perfeitamente aceitável para um longa-metragem de ação. Ah, sim... Favor não confundir com Sucker Punch, lançado dois anos antes.

Tudo começa quando o jovem Ruan Sternwood (Elyes Gabel) foge de um avião prestes a decolar. Filho do grande criminoso Jacob Sternwood (Mark Strong), o garoto estava metido com algo muito maior do que ele, de modo que seu pai resolve voltar a dar as caras e precisa enfrentar o policial Max Lewinsky (James McAvoy), que tenta capturá-lo há anos e ainda sofre com um tiro que levou no joelho.

A trama que parte dessa premissa é bem mais intrincada do que se pode pensar em um primeiro momento, o que mais prejudica o filme que o ajuda. Afinal, além dessa não ser a expectativa inicial, as reviravoltas não contam com o apoio de um bom texto e acabam ficando confusas. As motivações dos personagens secundários ficam mais importantes a cada instante e, a partir de certo ponto, o espectador pode concluir que vale a pena simplesmente deixar rolar.

Isso é um pouco triste porque dizem que o roteiro de Welcome to the Punch era tido, em teoria, como um dos melhores dos últimos tempos – até ser levado para as telas. Suponho que alguma cena importante tenha sido cortada ou que algo tenha acontecido na sala de montagem... Também acredito que, se o filme fosse visto pelos olhos do personagem de Mark Strong, as coisas poderiam ter sido bem mais interessantes.

De qualquer modo, a intenção até que era boa. Desde o começo, é perceptível que o objetivo era o de criar um filme de ação inteligente, mas falta uma boa dose de refinamento para que ele alcance essa meta. O diretor e roteirista Eran Creevy até teve boas ideias, mas faltou experiência para executá-las a contento, já que esse é apenas seu segundo filme (o primeiro foi Shifty, uma produção menor, lançada cinco anos antes e que foi muito bem recebida).

Para completar, falta liga na relação entre muitos dos personagens. Há uma breve sugestão de romance entre Max Lewinsky e sua parceira, Sarah Hawks (Andrea Riseborough), mas a química entre os dois não funciona bem. Além disso, a rivalidade entre ele e o vilão parece não ter sido bem planejada, enfraquecendo as motivações de um protagonista que já não é dos mais carismáticos.

Visualmente, há pouco no que reparar. O filme tem um tom azulado/esverdeado que tenta tornar Londres uma cidade sem personalidade, como se fosse uma metrópole qualquer. Os ângulos de câmera são convencionais e não há nada que possa ser lembrado como criativo ou diferente. Se não fosse pelo barulho, acho que muita gente dormiria.

No geral, todos os personagens são exatamente o que se espera deles e Welcome to the Punch acaba sendo bem menor do que poderia. Faltou ousadia, criatividade e personalidade em uma produção que, a princípio, deveria ter tudo isso. Não é sem motivo que o filme tenha sido esquecido tão rapidamente.

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