Divagações: Doragon bôru Z - Fukkatsu no 'F'

Dois anos atrás, Doragon bôru Z: Kami to kami chegava aos cinemas com a complicada tarefa de reavivar o interesse em uma franquia que, a...

Dois anos atrás, Doragon bôru Z: Kami to kami chegava aos cinemas com a complicada tarefa de reavivar o interesse em uma franquia que, a despeito de sua grande popularidade mundial, já estava há algum tempo na geladeira. Problemas a parte, é possível dizer que a produção de 2013 atingiu seus objetivos, afinal, cá estamos com um novo longa-metragem nos cinemas e uma nova série de televisão prestes a estrear na televisão japonesa.

Porém, sem tanta coisa em jogo e com um público garantido, Doragon bôru Z: Fukkatsu no 'F' chega com objetivos bem menos grandiosos. Ele pouco parece se importar com algo além de capitalizar sobre os fervorosos fãs da série, entregando uma qualidade à altura de suas ambições.

Prosseguindo onde a história parou, vemos que Goku (Masako Nozawa/Wendel Bezerra) e Vegeta (Ryô Horikawa/Alfredo Rollo) seguem treinando junto do quase-vilão Beers (Kôichi Yamadera/Marcelo Pizardini) para se tornarem ainda mais fortes. Porém, com a paz na Terra ameaçada pela súbita ressureição de Freeza (Ryûsei Nakao/Carlos Campanile), cabe a dupla e aos outros defensores do planeta impedir a vingança do antigo inimigo e de seu exército.

Sem a pompa e o tom comemorativo de seu antecessor (que inclusive colocava a reunião do elenco como um ponto central do enredo), as falhas deste filme ficam ainda mais evidentes. Como resultado, temos uma história extremamente simplória que só serve para trazer de volta figuras conhecidas e entregar mais do mesmo, não existindo um esforço de trazer um produto que dialogue com uma linguagem mais moderna ou com as expectativas de uma geração que, mesmo tendo crescido com o desenho, exige mais do que uma simples desculpa para movimentar a trama.

A animação continua pobre e inconsistente, mesclando ainda mais o uso de CGI em meio a animação tradicional. Inclusive, por vezes, há a substituição dos personagens desenhados por modelos tridimensionais, o que é extremamente incômodo para quem esperava ver boas lutas. É extremamente vergonhoso que um longa com orçamento considerável e nas mãos de um grande estúdio como a Toei Animation seja tecnicamente inferior (e como!) a séries semanais produzidas por players bem menores da indústria.

Mesmo assim, para quem é fã, Doragon bôru Z: Fukkatsu no 'F' talvez não chegue a ofender, sobretudo em território nacional, uma vez que a Diamond Films conseguiu reunir novamente o elenco de dublagem, trazendo de volta até mesmo Carlos Campanile para reprisar o seu papel como um dos antagonistas mais icônicos da série. O roteiro, apesar de infantil e simples, expõe os elementos mais consagrados da série, como excessivas transformações, diálogos terrivelmente expositivos e lutas exageradas. E a trilha sonora, apesar de não utilizar de nenhuma das composições mais clássicas da série, é bastante interessante e com alguns nomes conhecidos do cenário musical japonês.

Na soma final dos fatores, não posso dizer que Doragon bôru Z: Fukkatsu no 'F' não seja um filme divertido para quem já nutria simpatia pela série. Porém, mesmo para os fãs, é difícil deixar de pensar em quanto é uma obra desnecessária e que pouco acrescenta à mitologia da série ou aos seus personagens, o que é uma surpresa, uma vez que o filme teve envolvimento direto do criador do mangá, Akira Toriyama, e aparentemente serve como trampolim para a nova série da franquia.

De todo modo, tendo em vista a tendência atual, certamente não será a última aparição de Goku nas telas de cinema. Só espero que, da próxima vez, tenhamos um filme a altura da importância que Dragon Ball teve na cultura pop.

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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