Divagações: Jurassic World

Jurassic Park nunca foi meu filme predileto. Até assisti as continuações – em grande parte para acompanhar meu irmão mais novo –, mas nu...

Jurassic Park nunca foi meu filme predileto. Até assisti as continuações – em grande parte para acompanhar meu irmão mais novo –, mas nunca com grande interesse. Para completar, tudo em Jurassic World parecia errado. Desde a escolha do elenco até o simples fato de estarem revivendo uma história que só resistia pelo grande pioneirismo dos efeitos especiais de 22 anos atrás. Tanto que utilizaram até o mesmo tiranossauro!

Consequentemente, suponho que eu tenha ido ao cinema esperando por algo chato, com apenas um fiapo de história, personagens caricatos e absolutamente nenhuma profundidade. O que eu encontrei, sinceramente, é um filme pipoca-legítimo. Sem um pingo de inovação, é verdade, mas sacadas boas o suficiente para segurar o espectador na cadeira ao longo de duas horas. É preciso admitir que os dinossauros são bons e há uma criança tão empolgada com eles que você lembra que provavelmente também teria sido assim se tivesse uma oportunidade como essa na infância.

Na trama, finalmente o sonho do primeiro filme se tornou realidade graças a um milionário meio maluco, Masrani (Irrfan Khan). A gerência das atrações, no entanto, está sob o controle firme de Claire (Bryce Dallas Howard), uma mulher guiada pelos números e preocupada com a lucratividade. Além de lidar com seus afazeres habituais, ela está providenciando o lançamento de uma nova atração, o dinossauro geneticamente modificado Indominus Rex – maior, mais assustador e terrivelmente mais perigoso.

Para completar, ela precisa encarar o trabalho acompanhada pelo treinador dos velociraptors, Owen (Chris Pratt), um homem apaixonado pelo que faz, mas com um estilo completamente diferente do dela e que fará uma breve consultoria para o novo dinossauro. E, claro, seus sobrinhos – Gray (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson) – estão no hospedados no parque para um ‘final de semana em família’. Já seria um dia bem caótico mesmo se o Indominus Rex não resolvesse escapar da jaula para descobrir seu posicionamento na cadeia alimentar.

Convenhamos que realmente não há muita história. Tudo se passa em um período de tempo muito curto e há bastante correria e caos. Os personagens são apresentados rapidamente e não há muito mais que você precise saber sobre eles. Ainda assim, o parque parece ser um local fantástico e não deixa de ser uma pena saber que boa parte de tudo aquilo será destruída. Toda a premissa é muito legal e fascinante, trazendo um pouco do frescor do primeiro filme de volta à tona.

Aliás, Jurassic World não se incomoda nem um pouco se você não conhece o restante da franquia. O único filme referenciado é o primeiro e, mesmo assim, muito brevemente. Há alguns cenários e símbolos que devem agradar aos fãs, mas a narrativa é totalmente independente. Infelizmente, o único personagem que retorna é o pesquisador Henry Wu (BD Wong), mas você dificilmente se lembraria dele, de qualquer forma.

Visualmente, a produção entrega tudo o que promete. Não sei se deve envelhecer tão bem quanto a original, mas há várias coisas legais. O parque tem recursos futurísticos interessantes que seriam atrações por si só no Universal Studios, o parque temático que efetivamente tem um espaço dedicado a Jurassic Park. Espero que as crianças se empolguem e resolvam estudar criaturas pré-históricas, questionando porque os dinossauros retratados não têm penas ou coisas assim (há uma leve desculpa para isso no filme, inclusive).

Sem querer revolucionar, Jurassic World quer fazer dinheiro com uma boa ideia do passado por meio de algo maior, mais assustador e terrivelmente mais perigoso. Sinceramente, a contagem de corpos é relativamente alta (clique aqui para ver o guia para pais), mas acho que o senso de perigo diminuiu consideravelmente. Suponho que os dinossauros sejam praticamente os mesmos e as crianças continuem impressionáveis, mas simplesmente não fazem mais filmes de aventura com o mesmo impacto de antigamente.

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