Divagações: Paddington

Quem me conhece, sabe que tenho certa adoração pelo Reino Unido, especialmente por Londres. Assim, quando Paddington foi anunciado, eu p...

Quem me conhece, sabe que tenho certa adoração pelo Reino Unido, especialmente por Londres. Assim, quando Paddington foi anunciado, eu provavelmente fui a pessoa mais empolgada com a produção. Contudo, a saída de Colin Firth do elenco (ele deveria dublar o protagonista) e a passagem bem modesta pelos cinemas fizeram com que eu deixasse para assistir ao filme no conforto da minha casa – o que não deixou de ser uma escolha acertada.

Baseado no personagem criado por Michael Bond (que não é muito conhecido por aqui), Paddington conta as origens do urso de mesmo nome (Ben Whishaw). Ele vivia com seus tios (Imelda Staunton e Michael Gambon) em uma floresta peruana até que resolve realizar o sonho deles: conhecer a cidade natal do explorador que os ensinou a falar inglês, ou seja, Londres.

Na cidade, o jovem urso descobre que não adianta ter apenas boas maneiras para conseguir um lar. No entanto, ele conta com a bondade dos membros da família Brown, que o ajudam a encontrar o explorador – ou a filha dele, Millicent (Nicole Kidman). Nesse processo, Paddington vai aos poucos se aproximando da mãe carinhosa (Sally Hawkins), do filho curioso (Samuel Joslin), da filha adolescente e envergonhada (Madeleine Harris), do pai superprotetor (Hugh Bonneville) e até da excêntrica governanta (Julie Walters). A única pessoa que não parece se encantar é o vizinho bisbilhoteiro (Peter Capaldi).

Obviamente, já deu para reparar que Paddington conseguiu reunir nomes importantes do cinema britânico – Geoffrey Palmer e Jim Broadbent também estão no elenco. Isso se deve, em parte, ao apelo da história e, em outra, ao respeitado nome de David Heyman entre os produtores (a lista ainda inclui Bob e Harvey Weinstein).

Contudo, todo esse cuidado parece ter sido esquecido na hora de escolher um roteirista e diretor, já que Paul King não parece ter se esforçado muito criativamente para o projeto. Com um texto óbvio e formulaico, o filme perde boa parte de seu encanto ao colocar um vilão óbvio e exagerado em uma trama que poderia ser bem mais singela e inocente (dizem que Emma Thompson deu uma ajuda com o roteiro, mas parece que ela não conseguiu salvar totalmente o filme).

As únicas sequências realmente legais são as que acontecem na floresta e as que mostram a casa da família Brown como um todo, sem a fachada. Aliás, os cenários do filme são encantadores e o uso de locações consegue explorar muito bem a cidade. Ou seja, boa parte do mérito é da equipe de arte e de efeitos visuais. A propósito, eles também fizeram um bom trabalho com os ursos, já que nem sempre a mistura de atores com personagens em computação gráfica consegue o efeito desejado.

Dessa forma, acredito que Paddington consegue manter seu apelo com as crianças pequenas sem muitos problemas. Afinal, o filme é tecnicamente muito bom e tem uma paleta de cores maravilhosa. Para os maiores, o grande chamariz será o carinho já previamente desenvolvido pelo personagem principal ou pelo cenário do filme (como é o meu caso), uma vez que a trama não ajuda muito. Não é ruim, mas falta um toque especial para a magia ser perfeita.

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