Divagações: Now You See Me 2

Quando Now You See Me saiu, o filme foi uma daquelas boas e inesperadas surpresas. Ainda que não fosse muito além de uma aventura diverti...

Quando Now You See Me saiu, o filme foi uma daquelas boas e inesperadas surpresas. Ainda que não fosse muito além de uma aventura divertida e descompromissada, sua temática inusitada, o bom elenco e as boas ideias faziam com que ele fosse uma produção de um tipo que não temos muito hoje em dia, digno daquela ida ao cinema no sábado à tarde, regada a pipoca e refrigerante.

Apesar disso, uma continuação era algo que eu não achava nem essencial nem desejável. Afinal, questiono a capacidade de um filme – que se foca exatamente em surpresas – continuar surpreendendo quando boa parte dos seus truques já foi revelada.

Now You See Me 2 acontece pouco mais de um ano depois dos acontecimentos do primeiro filme, com os ‘cavaleiros’ vivendo às escondidas e esperando seu próximo grande número. Enquanto J. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt McKinney (Woody Harrelson) e Jack Wilder (Dave Franco) permanecem na formação original, Henley Reeves (Isla Fisher) há muito deixou a equipe para reconstruir sua vida.

Mentorados em segredo por Dylan Rhodes (Mark Ruffalo), o grupo decide ressurgir durante a apresentação de uma grande empresa de tecnologia – contando com a ajuda da novata Lula (Lizzy Caplan) para essa empreitada. Porém, quando o plano do grupo dá errado, Dylan é desmascarado e os mágicos acabam capturados por Walter (Daniel Radcliffe), um milionário e gênio da tecnologia que pretende usar as habilidades do quarteto para os seus próprios fins.

Não bastasse lidar com os novos oponentes, os protagonistas também encontram velhos conhecidos, como Thaddeus Bradley (Morgan Freeman) e Arthur Tressler (Michael Caine), que estão bastante insatisfeitos após os acontecimentos do filme anterior e mais do que dispostos a se vingar. O resultado são perseguições através do globo, roubos ousados e algumas revelações que tentam surpreender.

Assim, Now You See Me 2 tem um tom parecido com seu antecessor, mas não é exatamente derivativo – o que era o meu maior medo. Porém, como boa parte do apelo do filme é justamente entender como os planos e planos dentro dos planos funcionam, não há o mesmo frescor, pois passamos a esperar pela grande revelação desde a cena inicial. A maneira como a história é contada também é um pouco diferente, com os personagens operando na clandestinidade e aproximando o formato de um heist movie tradicional, o que até tem apelo, mas não é tão impactante.

Ainda que mantenha seu grande elenco, o filme gasta tempo para dar mais espaço aos coadjuvantes que ficaram meio de lado no filme anterior, sobretudo o personagem de Mark Ruffalo. A adição da personagem de Lizzy Caplan, apesar de ser mais um alivio cômico, dá uma boa chacoalhada na dinâmica do grupo e ajuda a subverter alguns clichês esperados nesse tipo de narrativa. Para completar, Woody Harrelson também interpreta o irmão gêmeo do seu personagem em uma atuação bastante canastra e que poderia muito bem ter ficado de fora.

No geral, sinto que Now You See Me 2 fez concessões que tiraram um pouco o apelo do último filme – indo de uma história mais enxuta para um foco forçado no público internacional. Com menos truques e revelações bem menos grandiosas, ele é divertido, mas não tão instigante ou tão inteligente quanto gostaria de parecer, faltando algum elemento que faça a produção sair detrás da sombra de sua antecessora.

É um filme ótimo para relaxar sem precisar desligar completamente o cérebro e valer muito a pena para quem só quer se divertir, mas falta aquele fator de surpresa que me fez gostar tanto de Now You See Me. Ainda que não dê exatamente para exigir que um truque que já foi revelado continue surpreendendo, quando se trata de mágica, isso era algo que poderia acontecer, não é mesmo?

Outras divagações:
Now You See Me

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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