Divagações: Luftslottet som sprängdes

Embora essa não fosse exatamente a intenção de Stieg Larsson , Luftslottet som sprängdes é a última aparição de uma dupla de personagen...

Embora essa não fosse exatamente a intenção de Stieg Larsson, Luftslottet som sprängdes é a última aparição de uma dupla de personagens absolutamente marcante. O jornalista e escritor faleceu em 2004, deixando três livros completos, um parcialmente escrito e sinopses de mais duas histórias, além da clara intensão de escrever 10 livros. A publicação e todo o sucesso que se seguiu aconteceram postumamente, deixando certo mistério no ar.

Dando continuidade à história do filme anterior, Luftslottet som sprängdes traz as consequências diretas dos acontecimentos finais. Embora a questão dos assassinatos já pareça estar quase resolvida, Lisbeth Salander (Noomi Rapace) ainda tem que prestar contas à justiça e Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist) escala sua própria irmã, Annika Giannini (Annika Hallin), para defendê-la. Para acusá-la, por outro lado, há pessoas perigosas, com destaque para seu antigo psicólogo, Dr. Peter Teleborian (Anders Ahlbom).

Como esse é um filme que começa pelo meio, Luftslottet som sprängdes é, perceptivelmente, o mais fraco dos três. Sua história é formada com resquícios da anterior e não há muitos personagens novos para acrescentar, embora sejam feitos alguns desenvolvimentos dramáticos interessantes. Sinceramente, não é uma aventura recomendada para iniciantes, mesmo que o diretor Daniel Alfredson tenha se esforçado para colocar flashbacks nos melhores momentos.

A única vantagem real dessa falta de uma trama própria é o maior desenvolvimento dado a Lisbeth, que volta a dar demonstrações de sua memória prodigiosa e de seu senso estético, características que foram praticamente apagadas na correria de Flickan som lekte med elden. Ela é uma heroína soturna e que evita falar sempre que possível, de modo que um esboço de sorriso ganha amplos significados. Noomi Rapace consegue se despedir da personagem com muita pose e a certeza de que não poderia ter feito um trabalho melhor.

Por sua vez, Mikael passa a intercalar suas investigações com um atrito com a editora-chefe da revista Millenium, Erika Berger (Lena Endre), e os demais jornalistas da publicação. É um sinal positivo de que o filme esteja conseguindo inserir mais elementos na trama principal, embora eles não sejam tão profundos quanto o que se poderia esperar. Ao mesmo tempo, isso também serve para deixar bem demarcado seu contraste em relação a Lisbeth. Enquanto ela é uma pessoa fechada, que se recusa a deixar outros se aproximarem, ele precisa de atenção e reconhecimento, mas tem dificuldades em dar o devido retorno. Em condições normais, os dois se detestariam, mas os acontecimentos de Män som hatar kvinnor garantiram uma dívida eterna de gratidão para ambos os lados.

Ou seja, assim como seus predecessores, Luftslottet som sprängdes é um filme com uma boa trama, mas absolutamente dependente dos diálogos e das personalidades para se sustentar. Ele sobrevive a partir do que foi estabelecido anteriormente e não deve, de forma alguma, desapontar quem se envolveu com a história. Ao mesmo tempo, essa não deixa de ser uma produção para os fãs ou, simplesmente, para os interessados em uma maratona de sucessos suecos. É um filme tecnicamente excelente e muito envolvente, mas apenas para quem já mordeu a isca.

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