Divagações: The Perks of Being a Wallflower

Baseado em seu próprio livro, Stephen Chbosky escreveu, produziu e dirigiu The Perks of Being a Wallflower . Como ele não tem muita expe...

Baseado em seu próprio livro, Stephen Chbosky escreveu, produziu e dirigiu The Perks of Being a Wallflower. Como ele não tem muita experiência na indústria cinematográfica, isso poderia ser visto como um bom primeiro passo para quem quer crescer na carreira (ele já tinha trabalhado como roteirista e produtor executivo de curtas-metragens e séries para televisão). No entanto, vamos admitir que foi um passo bem grande quando ele resolveu investir no elenco. Chbosky reuniu três jovens atores em ascensão e dispostos a quebrar estigmas sobre o que podem fazer.

A história começa com a entrada de Charlie (Logan Lerman) no Ensino Médio – ele está tão empolgado que já contou quantos dias faltam para tudo acabar. O rapaz teve alguns problemas no ano anterior que não ficam muitos claros inicialmente, além de ter dificuldades em fazer amigos. A princípio, a única pessoa com quem fala é o professor de literatura (Paul Rudd).

De algum modo, no entanto, ele acaba sendo bem recebido pelo deslocado Patrick (Ezra Miller) e sua irmã maluquinha, Sam (Emma Watson). Os dois são veteranos e fazem parte de um grupo que curte música e festas. Enquanto tenta se adaptar às novidades, Charlie precisa lidar com um namoro conturbado com a melhor amiga de Sam, Mary Elizabeth (Mae Whitman), e alucinações com sua querida e falecida tia Helen (Melanie Lynskey).

Por mais que a história seja simples, ela é abordada com uma grande carga dramática. Fica claro que todos os envolvidos possuem um passado que gostariam de esquecer, ao mesmo tempo em que foram moldados por ele. Charlie acaba lidando com isso como o novato que vai ocupando os espaços vagos, fazendo sempre o papel de ombro amigo e nunca se sentindo completamente como um membro do grupo.

O que fica oculto torna o filme charmoso, ainda mais quando tudo é regado a boa música (algo não só típico como necessário em filmes do gênero). Com uma trilha sonora selecionada especialmente para se tornar a queridinha dos fãs, The Perks of Being a Wallflower consegue transformar os deslocados nos caras legais – destaque para a cena de dança entre Ezra Miller e Emma Watson. Mesmo que eles não sejam admiráveis, vivem com intensidade – e fazem uma enorme quantidade de mixtapes.

Nesse ponto, o elenco caprichou. Logan Lerman mostrou que sabe mesmo trabalhar (só espero que ele faça boas escolhas para os próximos trabalhos), Ezra Miller provou que pode ser um ator versátil e Emma Watson se livrou da série Harry Potter (é uma pena que ela tenha passado o filme todo tentando disfarçar o sotaque). Toda a liberdade criativa dada a Stephen Chbosky permitiu que essas atuações fossem possíveis e manteve a integridade do material original, com um tom realístico.

Mesmo que existam alguns momentos, obviamente, não se trata de um filme divertido e The Perks of Being a Wallflower mergulha fundo na angústia adolescente. Até o momento, a coisa mais negativa que li sobre o filme chamava os personagens de esnobes e ‘jovens adultos liberais’. Dessa forma, se você é alguém que se esqueceu de como é se sentir inseguro e, ainda assim, querer se divertir, esse filme realmente não é indicado. Já quem tiver um pouco mais de sensibilidade vai poder aproveitar.

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