Divagações: Guardians of the Galaxy Vol. 2

O equilíbrio entre ação e diversão foi a chave do sucesso da Marvel nos cinemas. Encontrar o tom certo nem sempre é fácil e há muitas var...

O equilíbrio entre ação e diversão foi a chave do sucesso da Marvel nos cinemas. Encontrar o tom certo nem sempre é fácil e há muitas variações ao longo da ampla carteira de heróis do estúdio. Uma das opções que colocou priorizou a diversão foi Guardians of the Galaxy: palavrões, piadas de cunho sexual, personagens bizarros e uma trilha sonora extremamente grudenta. Tudo isso foi jogado em um mesmo balaio, sacudido e vomitado em uma aventura espacial. Caso desse errado, o vínculo com o restante poderia ser facilmente desconectado, caso desse certo, surgia todo um universo de novas possibilidades.

E deu certo. Guardians of the Galaxy Vol. 2 foi extremamente antecipado e é difícil encontrar alguém que não adore Baby Groot (Vin Diesel) – inclusive, eu aceito um bonequinho de presente. Tanto é que o personagem é colocado em evidência na sequência inicial do filme, onde seu tamanho é explorado com truques de profundidade de campo (aliás, o ingresso em 3D é válido especialmente por causa dessa cena) e somos apresentados ao primeiro destaque da trilha sonora.

Mas antes de falar da trilha sonora, vamos à história! Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista) e Rocket (Bradley Cooper) estão se virando bem trabalhando como mercenários pela galáxia. Como pagamento de um serviço, eles conseguem Nebula (Karen Gillan), que pretendem entregar para receber a recompensa. Contudo, seus clientes, liderados por Ayesha (Elizabeth Debicki), não estão totalmente satisfeitos – com razão, claro – e começam a persegui-los. O grupo consegue escapar graças à ajuda de Ego (Kurt Russell), um cara muito poderoso e que tem seu próprio planeta. Enquanto Peter, Gamora e Drax acompanham o desconhecido, Rocket, Groot e Nebula precisam enfrentar um grupo de motineiros que desbancou Yondu (Michael Rooker).

O fato deles passarem uma parte do tempo separados não é exatamente legal, mas funciona especialmente para lidar com a quantidade de personagens. Entre as novidades mais marcantes temos Mantis (Pom Klementieff), uma alienígena com péssimas habilidades sociais, mas capaz de ler sentimentos (e de manipulá-los um pouco) com apenas um toque, e uma participação especial de Sylvester Stallone que pode se repetir em outras produções. Isso sem contar o retorno de Kraglin (Sean Gunn, irmão do diretor), um dos tripulantes de Yondu, que tem um pouco mais de destaque – mas o que chama a atenção mesmo é o fato de que ele não é tão diferente assim de Kirk Gleason (Gilmore Girls, alguém?).

Tudo isso é embalado por uma trilha sonora legitimamente boa e que funciona muito bem narrativamente. De alguma forma, as canções vão se encaixando na trama e elas realmente têm algo a acrescentar, com as letras se misturando à mensagem emocional. O diretor e roteirista James Gunn mostrou que, mais uma vez, soube escolher as músicas. Ao mesmo tempo, o tom geral é bem diferente do que o encontrado na produção anterior. Enquanto as músicas do antecessor representavam um Peter Quill extrovertido e cheio de graça, o que ouvimos em Guardians of the Galaxy Vol. 2 demonstra que esses personagens não são mais os mesmos.

Aliás, toda a jornada emocional da produção é bem pensada e, antes mesmo que você perceba, pode até deixar alguns marmanjos de olhos marejados. O romance entre Peter e Gamora permanece na mesma, funcionando como alívio cômico, mas também como parte de uma realidade onde sentimentos são constantemente reprimidos. Mas, de qualquer modo, o grande tema da franquia são as relações familiares. O drama surge na turbulenta relação entre as irmãs Gamora e Nebula, na necessidade de aceitação de Rocket, nas flutuações de ânimo de Drax e, claro, na jornada de Peter, que segue em busca de uma figura paterna – por vezes deixando de olhar para quem já está a seu lado. Nem preciso falar que, quando Father and Son finalmente toca, a vontade é de ir abraçar seu pai assim que possível.

Isso faz com que Guardians of the Galaxy Vol. 2 seja menos divertido? Talvez. O filme não tem a necessidade de seu antecessor de criar uma identidade forte e única, já tendo se estabelecido na mente do público. Assim, opta por manter sua essência, mas se inclina definitivamente na direção da fórmula dos demais filmes da Marvel. Afinal, isso tem funcionado bem até agora – para o bem e para o mal – e sempre há espaço para pequenas variações.

Mas um detalhe importante é que, a seu modo, o filme também resolveu as pontas soltas do anterior e acabou com muitas das especulações que haviam surgido para os personagens. Somando-se isso às leves mudanças no tom da produção, o que será que podemos esperar de Guardians of the Galaxy Vol. 3?

Outras divagações:
Ant-Man
Captain America: The First Avenger
Captain America: The Winter Soldier
Captain America: Civil War
Doctor Strange
Guardians of the Galaxy
Iron Man
Iron Man 2
Iron Man 3
The Avengers
Avengers: Age of Ultron
Thor
Thor: The Dark World

P.S.: Não perca a conta, o filme tem cinco pequenas cenas exibidas durante os créditos. Além disso, tem tanta coisa acontecendo que os próprios créditos merecem ser assistidos.

RELACIONADOS

0 recados